Santa Catarina de Sena: uma mulher extraordinária (1347-1380)
29 de abril
“Quando uma alma se eleva a Deus com anseios de ardentíssimo desejo de honrá-l’O e da salvação das almas, se exercita por algum tempo na virtude. Apresenta-se na cela do conhecimento de si mesma para melhor entender a bondade de Deus, porque ao conhecimento segue o amor, e, amando, procura ir atrás da verdade e se revestir dela”.
Assim a mocinha, filha de comerciantes de Sena, que aprendeu a ler com dificuldade, para participar do canto do ofício divino, quando terciária dominicana, e nunca chegou a escrever, começa o que ela chamava o seu livro, uma obra prima da literatura mística e doutrinal cristã, ”O Diálogo da Divina Providência”.
Começou sua vida de diálogos com Nosso Senhor Jesus Cristo, aos 6 anos de idade, quando, numa visão, ganhou um anel de noivado, incrustado de pedras preciosas. A visão passou, mas o anel permaneceu no seu dedo. Vivendo na casa com seus numerosos irmãos, logo sua fama de santidade se espalhou, e seu pequeno quarto era constantemente procurado por adolescentes, jovens e velhos atrás de seu aconselhamento espiritual. Ela era a 24ª filha e seu generoso pai trouxe ainda um órfão para somar a seu numeroso círculo de filhos e filhas, inclusive sua extraordinária filha, que acabou reconhecendo como merecedora de crédito e respeito. Um dia ele a surpreendeu em oração, esvoaçando sobre sua cabeça uma pomba branca.
Aos 16 anos, conseguiu que a recebessem entre as ”manteladas”, como o povo chamava as irmãs da Ordem Terceira (Leiga) de São Domingos. E aos que a rodeavam e seguiam o povo chamou de “catarinos”. E seus seguidores e seguidoras a chamavam de “mamãe”. Ela bem que precisava de “guarda costas”, pois logo começou a fazer viagens em comissão da Igreja.
Uma das primeiras foi à vizinha Florença, para explicar-se a respeito do falatório que a cercava diante do capítulo geral dominicano, onde não só foi absolvida, mas ganhou como confessor, um sábio dominicano, São Raimundo de Cápua, futuro superior da Ordem dos Pregadores, que se tornou seu amigo e primeiro biógrafo.
O Papa Gregório XI pediu-lhe que ajudasse a promover uma cruzada contra os turcos. Catarina foi a muitas cidades nesta missão pontifícia, sendo uma mulher jovem. Em Pisa, foi marcada com os estigmas das chagas de Cristo.
A cidade de Florença pediu que advogasse junto ao Santo Padre, para que fosse levantado o interdito papal que pesava sobre a população. Ora, o Papado tinha se refugiado em Avinhão, sobre a proteção, mas também sob controle do Rei da França. Catarina teve de atravessar os Alpes, e conseguiu um resultado único: que o Papa retornasse a Roma. Ora, o Papa é Bispo de Roma, e sua sede estava abandonada. Mais adiante, surgiu o risco de um novo cisma, com a eleição de um anti-papa, e ela foi a Roma, onde conseguiu impedir esta nova ferida na Igreja. Foi em Roma que terminou sua breve e fascinante vida. Suas relíquias estão sob o altar mor da Igreja de Santa Maria “sopra Minerva”, a igreja principal dos dominicanos.
Não só canonizada, foi depois proclamada, juntamente com São Francisco de Assis, padroeira da Itália, por Pio XII (18 de junho de 1939). Paulo VI a declarou “doutora da Igreja” (1968). Além de ditar o célebre “Diálogo sobre a Divina Providência”, temos cerca de 400 cartas, todas ditadas a seus amigos escreventes, fiéis seguidores.
Se precisar de graças extraordinárias, recorra a esta extraordinária mulher!