São Camilo de Lellis (1550-1614)
14 de julho
São Camilo é o Santo da Cruz Vermelha. Foi ele quem, nos campos de guerra do norte da Itália, levou seus discípulos às frentes de batalha para socorrer os feridos e tratá-los nos hospitais de campanha. Um jornalista inglês, sensibilizado com a visão daquelas pessoas socorrendo seus semelhantes e assinalados com as cruzes vermelhas nas vestes, teve a ideia de fundar a Cruz Vermelha, que se espalhou pelo mundo afora, atuando mesmo em tempos de paz. Nos países árabes esta instituição muitas vezes benemérita é “o Crescente Vermelho”, pois a Cruz de Cristo não é aceita pelos islamitas.
Seus pais, italianos do norte, já tinham idade avançada, quando o menino nasceu, pobremente, que nem Jesus, num estábulo. Seu pai ganhava a vida como soldado mercenário. Quando a mãe de Camilo morreu, este tinha 13 anos e foi juntar-se ao pai, então a serviço da Espanha. Depois mudou para se alistar sob a bandeira de Veneza. Camilo sofrendo de uma chaga no pé, foi a Roma, para se tratar no hospital São Tiago. Já melhor, colocou-se a serviço das tropas espanholas.
Dado a bebida e jogatina, reduzido a grande pobreza, conseguiu um emprego em obras de construção dos frades capuchinhos. Enviado a um trabalho num convento da ordem, lá conheceu um padre, Frei Ângelo, que lhe disse um dia: “Escarra na cara do diabo”. Camilo se impressionou de tal maneira que se converteu. Era o dia 2 de fevereiro de 1573. Nem ele nem Frei Ângelo suspeitavam que a Igreja ganhara mais um santo canonizado em suas fileiras.
Voltando às obras de construção, estava tão mudado de atitude e comportamento, que seus colegas começaram a chama-lo “o irmão humilde”. Mas a ferida no pé se reabriu, e o frei encarregado, com receio de alguma doença contagiosa, o mandou embora em busca de tratamento. Por isso, Camilo voltou ao hospital de São Tiago, em Roma. Lá dos céus alguém guiava seus passos e lhe propunha um rumo definitivo de vida e santidade.
Nos quatro anos em que esteve no hospital, Camilo conheceu o santo famoso em toda Roma, São Filipe de Néri, com quem passou a se confessar e se orientar. Pensou em se fazer frade capuchinho, mas havia a ferida no pé, e foi recusado.
No hospital São Tiago, Camilo testemunhava as deficiências no trato com os enfermos. Nasceu-lhe a vocação de reunir pessoas de bem que se dedicassem a eles somente por amor de Deus. Diante de um crucifixo, ouviu o apelo decisivo: “Que temes? A obra que que iniciei é minha, não tua”. Camilo tinha 32 anos e voltou a estudar e conseguiu ser aceito para o sacerdócio.
Já Padre, fundou a Companhia dos Ministros dos Enfermos, que hoje todos chamam de “Camilianos”. Com o tempo surgiram “as Camilianas”. Até hoje ambos os ramos da mesma semente atuam no humilde serviço aos doentes, quanto lhes é possível. Eles e elas guardam o refrão de São Camilo no trato com os doentes, que o chamavam: “Manda em mim, irmão, porque sou teu servidor”.
Morreu em Roma em 13 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. O Papa Leão XIII o declarou padroeiro dos doentes e dos enfermeiros.