SALMO 13 (12)
1 Ao mestre do coro. Salmo. De Davi.
2 Javé, até quando me esquecerás?
Para sempre?
Sl 6,4; 77,8-9; 89-47; 94,3
3 Até quando sofrerei ansiedade no meu íntimo,
e sentirei, cada dia, o gosto da tristeza?
Até quando se erguerá o inimigo contra mim?
4 Vê e responde-me, Javé, Deus meu,
e faze brilhar a luz para meus olhos,
para que eu não durma o sono da morte!
5 Que o inimigo não me venha a dizer: “Venci!”;
nem festejem os meus adversários quando vacilo!
6 Esperei em tua bondade.
Alegre-se meu coração porque me salvais.
A Javé quero cantar, pois o Altíssimo é o meu benfeitor!
(SALMO 13/1s2)
A quádrupla e martelada repetição do grito “até quando?”, o refrão de muitas das lamentações bíblica, demonstra logo a tensão deste protesto de quem se sente abandonado por um Deus tornado mudo e distante. Mas o crescendo do protesto não cancela a esperança subjacente, que, no final, explode em uma esplêndida profissão de confiança em Deus, o benfeitor altíssimo (v. 6).
O pavor do orante é, talvez, alimentado pelo fantasma da morte. Este “inimigo”, erguido como um conquistador sobre o homem e que grita “Eu venci!”, é o máximo inimigo por excelência, a Morte (Faze, ó Senhor, que “eu não durma o sono da morte!”). O salmista sente que os seus olhos estão para ofuscar-se. Na visão do Antigo Testamento, ainda vacilante quanto à outra vida, a súplica para que se conserve a “doce luz” que “atinge os olhos” do vivente, como dizia Dante (Inferno X,69), adquire um sabor todo especial. A Morte é o símbolo do anti-Deus. Javé, o Senhor da vida, deve impedir à sua antagonista de pronunciar o brado triunfal: “Eu venci!”
O canto, aberto com um grito quase desesperado, fecha-se agora como uma louvação ao Senhor, o último e o único vencedor. M. Bruber escrevia: “A Shekinah (“Presença”) de Deus não paira sobre a tristeza, mas sobre a alegria da esperança”. Esta é também a lição final do Salmo 13,suspenso sobre o abismo da desesperação, mas agarrado na rocha da confiança em Deus.
O Salmo inspirou pelo menos duas magníficas páginas musicais: o Salmo 13 para solo de tenor, coro e orquestra de F. Liszt (1855) e o Salmo 13, opus 27 para coro feminino em três vozes e órgão (ou piano) de J. Brahms (1859).