Estamos chamando de “colegas”, com carinho e com veneração, os santos que foram canonizados no dia 13 de outubro de 2019, juntamente com ela.
Comecemos com o Cardeal Newman, John Henry Newman, inglês, nascido em Londres no ano de 1801, e falecido em Birminghan, Inglaterra, em 11 de agosto de 1890. Seus Pais foram Jemina Fourdrinier e John Newman. Foi batizado e educado na religião nacional da Inglaterra, ao Anglicanismo. Profundamente cristão, formado na prestigiosa Universidade de Oxford, foi ordenado sacerdote, ainda anglicano. Intelectual de prestígio, julgava o anglicanismo do seu tempo demasiando protestante e laicista, e o catolicismo corrompido, em relação às origens. Assim fundou o chamado “Movimento de Oxford”, visando se empenhar para uma Igreja Anglicana mais devota. Estudando as origens cristãs, no entanto, veio a se converter ao catolicismo (1845), onde veio a ser ordenado sacerdote (1847), pois a Igreja Católica, em vista da ruptura da tradição apostólica, no que dizia respeito às ordenações, nos tempos de Henrique VIII, o fundador da Igreja Anglicana, não considera válidas as ordenações nesta Igreja. Ele fundou em Birmingham o “Oratório de São Filipe de Néri”, filiado aos “Oratorianos de São Filipe de Néri”, que existe até hoje. Também foi Reitor da Universidade Católica na Irlanda (1854). Sua conversão gerou novos debates sobre a condição dos católicos na Inglaterra, onde eram cidadãos de 2ª classe, com vários direitos negados. Também atraiu muitos anglicanos para o catolicismo. Foi o Papa Leão XIII que o fez Cardeal (1879).
Muito querido e respeitado em vida, apenas em 1991, depois de intensa investigação de sua vida e escritos, ele veio a ser beatificado pelo Papa Bento XVI, durante a visita que este Papa fez à Inglaterra (19,09.10). O Papa Francisco o inscreveu no catálogo (cânon) dos Santos e Santas, autorizando assim sua veneração em toda a Igreja. Seu lema de Cardeal foi “O Coração fala ao coração”.
O milagre que levou o Santo Padre Francisco a aprovar a canonização foi a cura repentina de uma mulher, cuja vida estava seriamente em risco na gravidez.
Santo Cardeal Newman, rogai por nós! Rogai pela união dos cristãos!
A outra “colega” de Santa Dulce dos Pobres, foi Giuseppina Vannini, fundadora das “Filhas de São Camilo”, fraternalmente unidas ao ramo masculino fundado por São Camilo de Lélis, dedicada aos enfermos. Nasceu em Roma (!859), e órfã aos 7 anos, foi criada pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e de Santa Luisa de Marillac. Como não gozava de boa saúde, teve dificuldade de ser aceita na vida religiosa. Um Padre italiano, Luigi Tezza, acreditou em sua vocação e inspiração e a ajudou a fundar um novo instituto religioso, sob o patrocínio, como ficou dito, de São Camilo de Lélis. Seus votos perpétuos foram proferidos em 1895, quando sua obra foi, afinal, aprovada pela Santa Sé. Morreu em Roma em 1911 e foi beatificada por São João Paulo II em 1994.
Esta Santa tem uma ligação estreita com o Brasil, pois o milagre aprovado para a canonização aconteceu na cidade de Sinop / MT, beneficiando Arno Celson Klauck, mestre de obras, que tinha caído da altura do terceiro andar, no poço do elevador. Enquanto caía, invocou o socorro da Madre Giuseppinaa. Sofreu apenas alguns hematomas!
Santa Giuseppina, rogai por nós! Rogai pelos doentes mais abandonados! Rogai pelos incuráveis e agonizantes! Rogai pelas vocações religiosas dedicadas aos enfermos!
Falemos agora de Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, indiana, do número dos católicos de tradição muito antiga, do rito chamado “sírio malabar”, cujas raízes são atribuídas aos próprios Apóstolos, talvez São Tomé. Nasceu na província de Kerala. Era um dos 5 filhos do casal Thomas e Tanda, e se chamou Teresa em honra de Santa Teresa de Jesus. Muito piedosa, dava-se a jejuns rigorosos e vigílias de oração. Com a morte da mãe, deixou a escola e dedicou-se mais à contemplação e fez um voto particular de virgindade em 1886. Em 1891, deixou a casa paterna e procurou refúgio para uma vida mais penitencial. Contudo logo retornou à família. Por uma visão de Nossa Senhora, acrescentou a seu nome o nome para “Maria” (1904).
MuItos a acreditavam possessa do demônio, e por isso ela foi submetida a vários exorcismos pelo Venerável Padre José Vithayathil, por determinação do Bispo (1902-1905). Tentou autorização para construir uma casa de retiros, mas ela lhe foi negada (1903). Depois de idas e vindas, inclusive um tempo no Carmelo, ela pôde atender a sua vocação e fundou a Congregação da Sagrada Família, dedicada ao serviço dos pobres (1914).
Mística, ela recebeu o dom dos estigmas. O milagre da canonização teve como beneficiado um bebê, nascido com graves problemas respiratórios: pulmões subdesenvolvidos e três buracos no coraçãozinho. Seus pais apelaram para a intercessão da Madre Maria Teresa, e sua Avó colocou junto a ele uma relíquia da Santa, numa hora de crise, obtendo logo a graça da cura da criança.
Santa Maria Teresa, rogai por nós! Rogai pelos povos da Índia! Rogai pelos desvalidos!
Margarida Bays foi leiga, dedicada às coisas de Deus, de profissão costureira, uma apóstola da vida paroquial. Adulta, foi também da Ordem Terceira de São Francisco. Nasceu no cantão de Friburgo, Suíça, filha de Josefina Moret Bays e Pedro Antônio Bays em 6 de setembro de 1815. Viria a falecer, ou melhor, a nascer para o céu, em 27 de junho de 1879. Foi beatificada por São João Paulo II (1995) e, agora, canonizada pelo Papa Francisco (13.10.2019). Na vida paroquial, destacou-se como catequista, mas não descurou da vida de caridade e apostolado social. Curada de um câncer, no dia da proclamação do dogma da Imaculada Conceição (8 de setembro de 1854), ela assumiu ser chamada para intensificar sua vida de trabalho, oração e serviço ao próximo.
Ela enfrentou problemas duros dentro da própria família. Uma cunhada tinha um caráter áspero e a tratava muito mal. Margarida pagou o mal com o bem, sobretudo quando a cunhada, Josette, adoeceu. Fez-se sua enfermeira com afeto e cuidados. O marido desta pessoa, tinha tido um filho fora do casamento. Com 17 anos apenas, Margarida assumiu a criação e educação da criança. Uma de suas irmãs casada se separou, coisa que nos nossos dias pode parecer muito normal, mas na época não era e foi um sofrimento para toda a família. Um dos seus irmãos passou um período na prisão.
Contudo, Margarida teve tempo e compaixão para ajudar camponeses, como seus pais, desempregados pela mecanização da agricultura. Levava pão e leite para as famílias desamparadas, consertava e lavava suas roupas, e até mesmo conseguia novas para lhes dar.
Cada dia procurava a Missa, apesar de ter de caminhar até uma aldeia próxima, quase uma hora de ida e volta. Ficava depois da Eucaristia um tempo em Adoração. Participava com alegria, podendo, de peregrinações a pé a Santuários Marianos, ainda que exigissem longos trajetos. Além de suas tarefas de catequista, visitava os doentes. Incentivada por algumas pessoas, entre elas uma Abadessa conhecida, fundou a Obra de São Paulo, obra missionária (1873), apesar da oposição do Bispo da época.
Nos últimos dias da vida, mal podendo tomar algum alimento, ela sofreu muito, mas não falava de seu estado de saúde. Piorando, morreu na tarde do dia 27 de junho de 1879, sendo sepultada no dia 30. Centenas de pessoas se aglomeraram para acompanhar os ritos fúnebres e ela já começou a ser tida como santa.
Recebeu o dom dos estigmas, que tentou esconder o máximo, sem êxito.
O milagre que a levou à canonização foi a salvação de uma criança que caiu debaixo de um trator. Seu avô, horrorizado, invocou Santa Margarida Bays e ela escapou ilesa.