Santos Arcanjos
Miguel, Gabriel e Rafael
29 de setembro
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de Anjos, é uma verdade da Fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro, quanto a unanimidade da Tradição” (n 328).
Santo Agostinho, citado pelo Catecismo (n 329) nos diz que se perguntarmos por sua natureza, o anjo “é um espírito. Se perguntarmos pelo encargo, é um anjo. É espírito por aquilo que é. É anjo por aquilo que faz”. “Anjo – mensageiro – é designação de encargo, não de natureza”.
O Catecismo acrescenta: “Cristo é o centro do mundo angélico. São seus os anjos: ‘Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos… (Mt 25,31)”. São seus porque foram criados por Ele e para Ele: “Pois foi nele que foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Dominações, Principados, Potestades, tudo isso foi criado por Ele e para Ele’ (Cl 1,16). São seus, mais ainda, porque Ele os fez mensageiros do seu projeto de salvação: ‘Porventura não são todos eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos que deveriam herdar a salvação?’ (Hb 1,14)” (n 331).
Lembremos: “O papa Francisco disse no dia 2 de outubro de 2014 que anjos da guarda existem e nos ajudam a tomar decisões melhores. “A doutrina sobre anjos não é fantasiosa. Não, é a realidade”, afirmou o papa durante a missa diária em sua residência no Vaticano, informou o jornal britânico “The Guardian”. A Igreja Católica celebra nesta quinta o dia dos anjos da guarda. “Segundo a tradição da igreja, todos nós temos um anjo conosco, que nos protege e nos ajuda a entender as coisas”, disse. Francisco acrescentou: “Quantas vezes não ouvimos ‘Devo fazer isso’, ‘Não devo fazer isso’, ‘Isso não está certo, ‘Cuidado’…. Muitas vezes! Essa é a voz do nosso ‘companheiro de viagem’ “.
No Dicionário de Liturgia Pastoral (org. por Rupert Berger, Loyola / SP), lemos no verbete dedicado aos Anjos: “São seres pessoais criados por Deus, que, diferentemente dos seres humanos não estão ligados ao corpo. Eles contemplam constantemente a face do Pai no céu (Mt 18,10)”.
“Eles proclamam o louvor de Deus antes do restante da criação (Is 6,1-4) e de maneira mais pura e ininterrupta do que é possível ao ser humano. O centro deste culto é o Cristo, o Cordeiro como que imolado, que está entre o trono e os quatro seres vivos e no meio dos anciãos (Ap 5). Também os anjos louvam, como diz o prefácio, a glória de Deus ‘por meio d’Ele’. Por obra do mediador comum (Jesus), na assembleia terrena, temos acesso à ‘Jerusalém celeste, a milhares de Anjos’ (Hb 12,22). É essa dignidade o culto cristão que exalta o querubikón da liturgia de São João Crisóstomo. Também o prefácio ocidental junta sua voz ao coro dos anjos com o Sanctus, e o cânon romano (oração eucarística I) pede que o anjo leve nossas oferendas e as coloque sobre o altar do céu”.
A primeira devoção e culto específico a se desenvolver foi a São Miguel, na Itália (século V). Em Roma, dedicou-se a uma igreja na Via Salária, com festa no dia 29 ou 30 de outrubro. “Essa veneração recebeu um forte impulso com a aparição de São Miguel no dia 8 de maio de 492 no Monte Gargano, no sul da Itália, onde lhe foi erigido um famoso santuário”.
O mesmo artigo menciona que, atualmente, as festas de São Gabriel e de São Rafael foram unidas à de São Miguel. A festa separada dos Anjos da Guarda – devoção cara ao Papa Francisco – pôde ser reconhecida apenas no século XVI (2 de outubro, Papa Pio X).
Em sua Carta Pastoral para a Quaresma de 1946, o cardeal Giovanni Battista Nasalli Rocca, arcebispo de Bolonha, na Itália, conta sobre a oração composta pelo papa Leão XIII pedindo a intercessão de São Miguel Arcanjo contra as ciladas do diabo.
Diz o cardeal:
“Leão XIII escreveu ele mesmo essa oração. A frase [os demônios] “que vagam pelo mundo para perdição das almas” tem uma explicação histórica, que nos foi referida várias vezes por seu secretário particular, Mons. Rinaldo Angelo. Leão XIII experimentou verdadeiramente a visão dos espíritos infernais que se concentravam sobre a Cidade Eterna (Roma); dessa experiência surgiu a oração que quis fazer rezar em toda a Igreja. Ele a rezava com voz vibrante e potente: o ouvimos muitas vezes na basílica vaticana. Não somente isso, mas que escreveu de seu próprio punho e letra um exorcismo especial contido no Ritual Romano (edição de 1954, tít. XII, c. III, pág. 863 e seguintes). Ele recomendava aos bispos e sacerdotes que rezassem frequentemente esse exorcismo em suas dioceses e paróquias. Ele, por sua parte, a rezava com muita frequência ao longo do dia”:
A oração a São Miguel arcanjo
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate,
sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio!
Ordene-lhe Deus, instantemente o suplicamos,
e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina,
precipitai ao inferno satanás e todos os espíritos malignos
que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.