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Os Livros de Esdras e Neemias

Os Livros de Esdras e Neemias

A volta dos exilados

O Cronista encerra sua obra, escrevendo:

“No primeiro ano de Ciro, Rei da Pérsia, para que se cumprisse o que tinha sido anunciado por meio de Jeremias, o Senhor moveu Ciro, Rei da Pérsia, a fim de que se promulgasse – oralmente e por escrito – em todo o seu reino: ‘Ciro, Rei da Pérsia, decreta: O Senhor, Rei do Céu, entregou-me todos os reinos da terra e me encarregou de lhe construir um Templo em Jerusalém de Judá. Todos os que pertencem a este povo e vivem entre nós poderão regressar. E o Senhor seu Deus esteja com eles’ ”.

Os peritos chamam nossa atenção de que, quando os editores separaram o Livro de Esdras das Crônicas, eles repetiram aqui, nas últimas linhas de 2Cr, o começo do Livro de Esdras, marcando a continuidade entre as duas partes originais (ver Esd 1,1-4). Na verdade, o começo de Esdras se torna mais específico, liberando os que desejassem voltar para que recebessem ajudas necessárias.

Anteriormente, eram editados dois Livros de Esdras. Algum redator os separou, dando ao segundo o título de “Neemias”, pois é este alto personagem da corte persa que alcança a liderança da instalação dos retornados a Jerusalém.

Há várias opiniões de como estes livros se originaram: um só Autor? Vários? O comentarista da bela edição da PAULUS, Luís Alonso Schökel, jesuíta, professor e biblista, prefere considerar que o conjunto Crônicas 1 e 2 + Esdras + Neemias formava uma só obra, o obra do “Cronista”.

Estes livros têm 23 capítulos, que não estão em ordem cronológica. Na verdade falam de uma primeira “onda” de retornados, quando os profetas Ageu e Zacarias estiveram atuando, e a segunda, com a atividade de Esdras e Neemias. Terminava a época dos profetas, começava a dos escribas, o que ia ficar conhecido como ”judaísmo”.

Os Livros de Esdras e Neemias 2

Quem foi o primeiro: Esdras ou Neemias?

Como os Autores bíblicos, embora fossem leais aos fatos, não se consideravam “historiadores”, mas, podemos dizer, educadores da fé, ou responsáveis para que não se perdesse de vista a Mão do Senhor, escolhendo e sustentando Seu Povo, a dúvida permanece para simples leitores e para peritos: quem atuou antes, Esdras ou Neemias? Nos textos se menciona um período, quando agiram juntos.

Luís Afonso Schökel (Bíblia do Peregrino – Editora Paulus) propõe que, se quisermos os fatos em sua ordem conforme o tempo histórico, podemos ler os Livros da seguinte maneira:

1. Esdras 1-6 (a repatriação do ano de 538 antes de Cristo): o decreto de Ciro; lista dos repatriados; chegada; edificação de um altar; festa dos Tabernáculos ou das Cabanas; alicerces para reconstrução do Templo; consagração do Templo; intrigas contra os retornados.
2. Ne 1-7: más notícias chegam à Pérsia; Neemias consegue autorização para viajar a Jerusalém com poderes dados pelo Rei dos Persas; organização dos trabalhos para levantar muralhas defensivas da cidade; dificuldades; a defesa; intimidações; falsa profecia.
3. Ne 7,4-72 e 11-12: Jerusalém se repovoa; outra lista de repatriados; listas de sacerdotes e levitas; inauguração das muralhas. Resumo.
4. Ne 8-10 e 13: Leitura Pública da Lei (“Torá”); Festa das Cabanas; Rito penitencial e oração de Esdras; Renovação da Aliança; reformas de Neemias.
5. Esd 7-10: Esdras é enviado pelo Rei da Pérsia; lista de repatriados; viagem de Esdras; o problema dos casamentos com pessoas pagãs; assembléia; outra lista.

Sugerimos que você leia tudo nesta ordem para ver o que sente, e se o texto se torna mais claro. Lembre-se: a ordem dos fatores não altera o produto! Os textos são inspirados e servem para incentivar o povo na fé: o braço do Altíssimo não se enfraquece! No tumulto de nossos dias podemos insistir, dizendo: “Deus vê e Deus provê!”.

Os Livros de Esdras e Neemias 3

Fontes – Autor – Data

Sem entrar em discussões (intermináveis!), é fácil constatar que o Autor (O Cronista, mais provavelmente) empregou, com muito respeito e fidelidade, matéria dos arquivos do Templo (como as listas dos repatriados), memórias de Esdras e também de Neemias, documentos civis, inclusive um relato em aramaico (língua usada nos documentos persas), sobre a reconstrução do Templo. Possivelmente, se nos interessa, a data destes livros seria cerca do ano de 400 antes de Cristo.

Sobrou um “Resto”!

Em Jerusalém e Judá nada tinha ficado: seus habitantes – pelo menos os que tinham algum valor econômico e de liderança, tinham morrido ou sido exilados, cativos. A cidade com suas muralhas e o Templo, focalizados no grande resumo que são nossos dois Livros da Crônicas, estavam arrasados.

Mas sobrou um “resto” do povo na Babilônia e, mais importante e decisivo: a fidelidade de Deus, o Senhor também da História humana, que escreve certo em nossas tortas linhas! Assim, nas dificuldades de nossos tempos, em que a Igreja sofre diminuição de fiéis, indiferença e desprezo de muito, traições internas, agressões e perseguições, estes Livros podem nos trazer ânimo e conforto na luta da vida!

O Senhor não tinha enviado seus profetas e prevenido seu povo para “a morte e ressurreição” que se aproximava? A morte tinha sido a destruição no tempo de Nabucodonosor, Rei da Babilônia; e a ressurreição, a volta dos exilados, no tempo de Ciro, Rei dos Persas. O que nos lembra o Salmo 2:

“Por que se amotinam as nações,
E os povos meditam fracassos,
Rebelam-se os poderosos deste mundo
E seus Príncipes conspiram juntos
Contra o Senhor e o seu Ungido? (…)
Presidindo nos céus, o Senhor deles se ri” (Sl 2,1-4).

Ora, “quem ri por último, ri melhor”! Podemos rir com Deus dos que se julgam acima dos outros e os oprimem e exploram.

Os Livros de Esdras e Neemias 4

O culto ao Deus Vivo e Verdadeiro, único Senhor

Já no 1º capítulo do Livro de Esdras, o foco do Cronista no Templo, na Cidade e nas suas muralhas, por sua vez garantias da identidade do Povo de Israel e memória das promessas do Senhor pelos seus Profetas, aparece, quando ele registra como Ciro devolveu aos retornados as peças saqueadas por Nabucodonosor do Templo de Salomão. Ia começar a época do Segundo Templo, mais singelo do que o antigo, e que Herodes, o Grande, iria reconstruir com notável esplendor, mas do qual só resta, hoje em dia, a extraordinária esplanada, com suas duas Mesquitas muçulmanas, e o Muro das Lamentações, lugar judeu de orações, já venerado também por São João Paulo 2º e pelo Papa Bento 16:

“O Rei Ciro mandou tirar os objetos do Templo que Nabucodonosor havia tirado de Jerusalém para colocá-los no templo do seu deus. Ciro da Pérsia os entregou ao tesoureiro Mitrídates, que os contou diante de Sasabassar, príncipe de Judá. Era a seguinte quantidade: 30 taças de ouro; 1.000 de prata; 29 facas; 30 copos de ouro; 410 copos de prata; e mil outros utensílios. Sasabassar levou tudo consigo, quando os exilados subiram da Babilônia para Jerusalém (Esd 1,7-11)”.

Este foco no culto sempre reaparece. Por exemplo: no 2º capítulo, lemos: “Quando chegaram ao Templo (então arrasado) do Senhor em Jerusalém, alguns chefes de família fizeram doações, para que fosse reconstruído em seu mesmo lugar” (Esd 2,68). Logo, o capítulo 3º narra a restauração do altar e a retomada do culto (sacrifícios e holocaustos). E assim festejaram esta primeira etapa das obras:

“Quando os pedreiros acabaram de lançar os alicerces, os sacerdotes, revestidos, se apresentaram ao som das trombetas, e os levitas, descendentes de Asaf, tocaram címbalos, para entoarem hinos ao Senhor, segundo ordenara Davi, Rei de Israel. Louvavam e davam graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque eterna é sua misericórdia para com Israel” (Esd 3,10-11; ver Sl 117/118,1).

Os Livros de Esdras e Neemias 5

Param as obras!

Logo terminou a alegria pelos bons começos da restauração do Templo! Problemas com vizinhos, necessidades de reconstruir casas, replantar, colher, produzir, causaram interrupção das obras. Profetas, Ageu e Zacarias, elevaram as vozes em nome do Senhor para urgirem a retomada (ver Esd 4-5). Pelos vizinhos que se opunham à restauração de Jerusalém e do Templo, foi formulada uma queixa formal ao Rei dos Persas, mas o decreto de Ciro prevaleceu. As obras foram retomadas e o Templo, mas simples do que o de Salomão, foi inaugurado “no dia 3 de março, no 6º ando do reinado de Dario” (Esd 6,15).

“Mais tarde, no reinado de Artaxerxes, Esdras (…) subiu da Babilônia a Jerusalém. Era um letrado, perito na Lei, que o Senhor Deus de Israel deu por meio de Moisés” (Esd 7,1-6). Com ele vieram outras famílias dos exilados por Nabucodonosor (ver Esd 8,1-14). Esdras logo ficou atento ao problema dos casamentos entre israelitas e mulheres pagãs. Esdras reuniu os mais devotados à Torá, à Lei, fez penitência, e, de vestes rasgadas, proferiu uma oração pública de penitência. Suas lágrimas e atitude impressionaram o povo. A partir deste momento foi promovida a separação e o reenvio a suas famílias das esposas pagãs e suas crianças. “Só se opuseram Jônatas, filho de Asael, e Jaasias, filho de Tícua, apoiados por Mosolan e pelo levita Sebetai” (Esd 10,15). O capítulo 10 e o livro de Esdras terminam com este versículo: “Todos esses, que haviam casado com estrangeiras, despediram suas mulheres e filhos” (Esd 10,44). O que nos causa um arrepio, “cheirando” ao que hoje se tem praticado como ”limpeza étnica”, bandeira dos partidos europeus ultra nacionalistas e de extrema direita, ponto de vista também partilhado por eleitorados de grandes nações, e fonte de enormes sofrimentos na Birmânia. Que pena! E assim começaram os tempos do que é conhecido até hoje como “judaísmo”, ainda defendido pelos chamados “judeus ortodoxos”.

Em seguida, começa o “Livro de Neemias”, grande personagem da corte persa, enviado oficialmente para intervir em Jerusalém e firmar a reconstrução da cidade, com Templo restaurado, mas sem muralhas, exposta a bandidos e ataques de vizinhos inconformados.

Os Livros de Esdras e Neemias 6

A verdadeira defesa é a Lei de Deus

Talvez o envio de Esdras, um “escriba”, membro da burocracia do império persa, tenha sido reconduzir os retornados a uma integridade, fazendo deles sentinelas coesas e avançadas contra qualquer tentativa militar do Egito. Se Esdras focalizou sua ação num cumprimento estrito (e, talvez, estreito!) da Lei de Moisés, e nas obras do Templo, Neemias vai agir para defender a cidade, construindo suas fortificações, elevando muralhas, apesar da oposição dos samaritanos, descendentes das tribos do norte, que se tinham separado de Judá nos tempos de Roboão, herdeiro de Salomão. Ele, apesar das dificuldades, completa o círculo dos muros de defesa em 52 dias (ver Ne 6,15).

Para nós, que tentamos viver segundo os Evangelhos, e conhecedores da doutrina social da Igreja, muito conforta saber que Neemias ouviu as queixas do povo humilde, indignou-se contra os poderosos e os criticou: “Vós vos comportais como agiotas diante vossos irmãos!” (Ne 5,7). Enfrentou a questão com uma anistia geral das dívidas e hipotecas, e também do resgate de judeus vendidos por dívidas até mesmo a pagãos (ver Ne 5,6-13).

Bem que serviria a nossos políticos (não só do Brasil!) o que escreveu Neemias a seguir: “Diga-se de passagem que, desde o dia em que me nomearam governador de Judá – cargo que ocupei por doze anos (…) – nem eu nem meus irmãos comemos à custa do cargo” (Ne 5,14). Como vemos, a leitura deste livro bíblico pode inspirar nossa ação nos dias que correm, com tantas ambições e desonestidades às solta!

As coisas iam se arrumando, o povo mais tranquilo atrás das muralhas, em torno do Templo. Foi então que Esdras fez a leitura pública da Lei de Moisés, com ajuda de levitas que a iam explicando. A grande catequese durou dois dias. O que foi lido? Será que todo o Pentateuco? Apenas o Deuteronômio? Talvez, um resumo? Difícil de definir, tanto tempo já passado! O importante é que os restauradores de Jerusalém não acreditavam que bastassem obras públicas para recomeçar a história do povo. O grande “cimento” seria a consciência de que eram filhos de Jacó Israel, descendentes de Abraão, o Escolhido, alimentados pelos Profetas e eleitos do Único Senhor: “Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus é somente um. Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças” (Dt 6,4-5). E esta Palavra chegou até nós, reafirmada por Cristo Jesus (ver Lc 10,27)! Assim seja!

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Caminhando com Ele, com Cristo, é uma Revista de Espiritualidade, fruto da insistência amiga, quando deixei de ser o encarregado do “site”de Itaici, Vila Kostka, em dezembro de 2008.
Sou o Padre Jesuíta Raul Pache de Paiva, SJ, conhecido simplesmente como “Pe. Paiva”.
Nasci no Rio de Janeiro e tenho andado por muitos lugares e países. Talvez os mais distantes foram Austrália e Nova Zelândia.
No Brasil, conheci bem os sertões de Minas e Bahia, Marajó da floresta inundada e tenho ido a quase todos os Estados. Trabalhei em educação, também universitária, e dou cursos e retiros (em particular, conforme Santo Inácio de Loyola e seus “Exercícios Espirituais”).
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