Jeremias – 3
2ª parte – Jr 7-20
Durante o reinado de Joaquim
Passado o período do bom rei Josias, o culto à Rainha do Céu e aos outros ídolos ressurgiu. A voz do profeta se tornou mais urgente e forte. Abrindo o capítulo 7, encontramos o “sermão no Templo”. Seus pátios eram local de reunião do povo, e os adoradores do Senhor ali ouviram o oráculo do “Senhor dos exércitos, Deus de Israel”: “Emendai vossas condutas e ações, e habitarei convosco neste lugar” (Jr 7,3). O Senhor é livre e soberano. Abençoa lugares desta terra, mas não está ligado a nenhum deles. Ele não precisa de pedras arrumadas com arte, mas quer corações convertidos. E a justiça social é colocada em primeiro lugar aos olhos de todos: “Se emendardes vossa conduta e vossas ações, se julgardes retamente os pleitos, se não explorardes o migrante, o órfão e a viúva, se não derramardes sangue inocente neste lugar, se não seguirdes deuses estrangeiros, para vosso mal, então habitarei convosco nesse lugar” (Jr 7,5-7). Para nossos dias, em que tantos estão sem teto, sem justiça, sem trabalho, sem cuidados, estas palavras continuam a ressoar. Se não nos convertermos, dura será nossa sorte! Casa dividida não fica em pé!
Que os deuses estrangeiros faziam mal ao povo, não resta dúvida: “Pois os judeus têm feito o que Eu reprovo – oráculo do Senhor! Puseram abominações (ídolos) no Templo que leva o Meu Nome, contaminando-o! Ergueram ermidas no Forno, no vale de Bem Enom (no vale do Hinnon, a Geena) para queimar filhos e filhas, coisa que não mandei nem me passou pela ideia! Por isso, vede que chegam dias – oráculo do Senhor – em que já não se chamará “o Forno”, nem vale de Bem Enom, mas Vale das Almas, pois enterrarão no Forno, por falta de lugar, os cadáveres deste povo…” (ver Jr 7,29 a 8,3 e 19,3-9).
Não pensemos: “Que coisa horrível fizeram nossos antepassados!” Nós fazemos coisas assim, com nossas guerras, com a cultura do aborto, com tráfico de seres humanos para transplante de órgãos ou para a prostituição, com formas “modernas” de escravidão, com o abandono de nossos irmãos e irmãs nas ruas de nossas cidades. Sociedades assim não têm futuro. “Nenhum homem é uma ilha”!