O Livro de Ester
Assim como o Livro de Tobias nos mostra um retrato das famílias fieis exiladas, o Livro de Ester nos mostra como a providência divina ampara os desterrados de Israel diante de ameaças dos seus inimigos. Ester, rainha, lembra Nossa Senhora, rainha. Ela intercede pelo povo, que enfrenta o risco de ser chacinado. Maria Santíssima intercede, sem cessar, por nós todos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém!”
Ester é uma órfã, portanto uma desprotegida, educada por um bom tio, Mardoqueu, que se recusa a venerar o tirânico ministro do rei persa “Assuero”. Agora já não são assírios e babilônicos que o povo de Israel, exilado, tinha a temer, mas os persas, de modo geral mais amáveis dominadores. Ester se chmava, em hebreu, “Hadassa”, e “Ester” era seu nome em persa, que lembrava a deusa “Ishtar”.
O Autor começa com uma intriga da corte: a rainha Vasti, ignora uma ordem do marido, que se divorcia dela. Procurou, então, entre belas mulheres que lhe foram trazidas uma nova rainha. A escolha recaiu sobre Ester. Mardoqueu descobriu uma conspiração contra a vida de Assuero e a denunciou através de Ester. Tudo parecia correr bem para Mardoqueu e para os exilados israelitas no imenso império persa, quando, porque Mardoqueu se recusou a se prostrar diante do poderoso ministro Amã, este, com a vaidade ferida o denunciou ao rei e obteve um decreto ferindo de morte todo o povo israelita. O motivo: sua singular adoração a seu Deus e observância a uma lei muito particular, diferente dos outros povos. Mardoqueu recorreu a Ester, que, depois de jejuar, desafiou a lei persa, apresentando-se a Assuero, sem ter sido chamada. Mas o rei lhe estende o cetro, em sinal de benevolência. Ester então o convidou para uma festa, pedindo que leve Amã. Foi nesta ocasião que apresenta sua famosa súplica: “Majestade, se quiseres me fazer um favor, se te agradar, concede-me a vida – é o meu pedido – e a vida do meu povo – é o meu desejo”. Temos então um final feliz: o rei atende a súplica de sua rainha e o povo israelita mais uma vez escapa do extermínio, como escapou do holocausto determinado pelos nazistas no século passado.
Assim se comprovou o que a própria esposa lhe tinha dito: “Sua mulher Zares e seus conselheiros lhe disseram: ‘Se Mardoqueu, diante de quem começaste a cair, é de raça judaica, não poderás com ele. Cairás diante dele ao mais fundo. Não poderás defender-te dele, porque o Deus vivo está com ele” (Est 6,13). Esta é a confiança que temos, nas perseguições e tribulações: o Amor de Deus não nos deixa!