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A árvore, cujas ramas tocam os céus e a loucura do rei
Novamente encontramos o rei sonhando e Daniel convocado para explicar o sentido. Podemos pensar que este é um tipo de relato, que se repete, um “gênero literário”, como nossas cantigas de roda. Desta vez o rei sonha com uma gigantesca árvore. Acorrem os sábios da Babilônia, mas não conseguem dar uma resposta satisfatória ao monarca. Então é chamado Daniel, “chamado Baltassar em honra do meu deus”, diz o rei. O rei fala de sua visão: “Uma grande árvore no centro do mundo, robusta, sua copa tocava o céu”. Do céu descem guardiães que a derrubam “para que todos os viventes reconheçam que o Altíssimo é dono dos reinos humanos, que dá o reinado a quem Ele quiser e põe o mais humilde no trono” (ver Dn 4,7-14).
Daniel responde que a árvore era o próprio rei: “Serás afastado dos homens, viverás entre as feras, comerás erva como os touros, o orvalho te molhará e assim permanecerás por sete anos, até que reconheças que o Altíssimo é dono dos reinos humanos e dá poder a quem ele quiser. Mandaram que se deixasse o toco da árvore, porque voltarás a reinar, quando reconheceres que Deus é o Senhor. Portanto, Majestade, aceita meu conselho: expia teus pecados com esmolas, teus delitos, socorrendo os pobres para que dure a tua tranquilidade”. O que nos lembra o canto de Maria Santíssima, pois Deus derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes (ver Lc 1,52).
Finalmente, “passado o tempo, eu, Nabucodonosor, recuperei a razão, bendisse o Altíssimo e louvei Aquele que vive para sempre” (Dn 4,31). O poder humano enlouquece, mas a Deus tudo é possível, também curar o mau fruto de nossas malícias. Assim, apesar dos pesares, a humanidade caminha, e não lhe faltam os Profetas.