250awhitea250a250a
  • INÍCIO
  • DESTAQUES
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO
CONTATO
Maria quem é – o Dia do Trabalhador, Jesus
24/11/2020
Na Tenda – Advento, tempo de conversão, esperança e alegria
30/11/2020

O interruptor – meditando sobre o medo e a esperança – Cardeal Tolentino

O INTERRUPTOR

Cardeal Tolentino

O MEDO FAZ PARTE DE TODA A CONSTRUÇÃO VERDADEIRA DA ESPERANÇA. COMO ESCREVEU SÊNECA, “SE EU CESSAR DE TEMER, CESSAREI TAMBÉM DE ESPERAR”

A diferença entre a esperança e o desânimo é mínima: é como ligar um interruptor. Coisa tão estranha, a esperança! Por um processo surpreendente de vida interna, aquilo que antes parecia apenas um copo já meio vazio nós conseguimos vê-lo como um copo meio cheio. Quem o diz é a filósofa Martha C. Nussbaum, que não se conforma que, sendo a esperança uma experiência humana decisiva, seja tão pouco conversada e refletida.

Segundo Nussbaum, há três coisas essenciais que todos temos a aprender (ou a reaprender) sobre a esperança. A primeira é que ela não é um discurso sobre probabilidades. Nem podemos fazer depender a legitimidade da esperança do facto de ter um desfecho provável. Pelo contrário, quando aumenta a probabilidade de um resultado positivo, falar de esperança torna-se supérfluo. Melhor seria, nesse caso, falar de expectativas, e de boas expectativas. É, quando nada parece garantido, que a esperança joga um papel fundamental, mobilizando-nos para não cruzarmos os braços nem nos darmos por derrotados. Renunciar à esperança é aceitar coincidir com a realidade sem mais, enquanto agarrar-se a ela é introduzir uma tensão inconformada entre nós e a morfologia do presente. Essa tensão insufla no tempo uma coragem que desconhecíamos; motiva-nos a uma ousadia e resiliência inéditas; coloca em marcha estratégias que, contra todas as expectativas, se revelam acertadas. Renunciar à esperança é aceitar coincidir com a realidade sem mais, enquanto agarrar-se a ela é introduzir uma tensão inconformada entre nós e a morfologia do presente.

A segunda coisa é que a esperança não é um discurso sobre desejos. Um dos erros frequentes é associar a esperança à satisfação de desejos imediatos, não raro tremendamente banais e infantis. Ora, só podemos falar de esperança quando estão em causa coisas grandes, superiores às nossas possibilidades; quando há uma confirmada incerteza sobre os resultados; e, por fim, quando face ao objeto da esperança percebemos uma impotência e uma falta de controlo da nossa parte.

Além disso, a esperança não é uma experiência existencialmente neutra. Ter esperança não nos isenta de experimentar o medo, de sofrer violentamente com o abalo de terra de certos confrontos nossos com a fragilidade, de atravessar a provação das dúvidas. Numa das cenas mais extraordinárias dos evangelhos, Jesus consegue que também Pedro caminhe sobre as águas. É verdade que este depois se enche de medo e começa a afundar-se no lago. Mas o espantoso não é este facto. O espantoso é Jesus ter dito “Vem” e Pedro ter ido (Mateus, 14:22-36). Aliás, o medo faz parte de toda a construção verdadeira da esperança. Como escreveu Sêneca, “se eu cessar de temer, cessarei também de esperar”.

A terceira coisa é que a esperança não é apenas um discurso dirigido à prática. Na verdade, mais do que uma simples atitude ou um estado emocional delimitado, a esperança é semelhante a uma síndrome. Inclui tudo: lógica e imaginação, preparativos práticos para a ação e fantasia criativa, racionalidade e fé. Existe uma “esperança prática” mas inseparável daquela que Martha C. Nussbaum chama uma “esperança ociosa”. A primeira é aquela que nos serve de combustível para a ação concreta e que nos cola a um objetivo determinado como um prego à parede. Essa modalidade, porém, não esgota a esperança. Acontece, por vezes, que censuramos a esperança por ela se parecer a uma miragem lenta e indulgente que nos deixa como que a pairar. Contudo, não nos convém ser demasiado rígidos nesta avaliação: mesmo quando a esperança se desenha como uma viagem solitária num fio de arame, ela acaba por ter um papel mais determinante do que supomos nesta nossa travessia.

 

Compartilhar

Quem acessou este conteúdo também leu:

20/04/2021

Dados sobre a Igreja – onde cresce, onde para, onde diminui


Leia mais
17/04/2021

Salmo 12/13 – Alegre-se meu coração porque me salvais


Leia mais
14/04/2021

O Livro das Lamentações – 1 – apresentação


Leia mais

Nossa missão neste site:

Caminhando com Ele, com Cristo, é uma Revista de Espiritualidade, fruto da insistência amiga, quando deixei de ser o encarregado do “site”de Itaici, Vila Kostka, em dezembro de 2008.
Sou o Padre Jesuíta Raul Pache de Paiva, SJ, conhecido simplesmente como “Pe. Paiva”.
Nasci no Rio de Janeiro e tenho andado por muitos lugares e países. Talvez os mais distantes foram Austrália e Nova Zelândia.
No Brasil, conheci bem os sertões de Minas e Bahia, Marajó da floresta inundada e tenho ido a quase todos os Estados. Trabalhei em educação, também universitária, e dou cursos e retiros (em particular, conforme Santo Inácio de Loyola e seus “Exercícios Espirituais”).
  • INÍCIO
  • DESTAQUES
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO

FALE CONOSCO

    Seu nome (obrigatório)

    Seu e-mail (obrigatório)

    Seu telefone (obrigatório)

    Assunto

    Sua mensagem

    Mais recentes no site

    • Dados sobre a Igreja – onde cresce, onde para, onde diminui
      20/04/2021
    • Salmo 12/13 – Alegre-se meu coração porque me salvais
      17/04/2021
    • O Livro das Lamentações – 1 – apresentação
      14/04/2021
    • Maria quem é – Com a bênção do coração generoso – 28
      11/04/2021
    • Tolentino – A mala de viagem e o planeta
      09/04/2021
    • INÍCIO
    • DESTAQUES
    • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • RECEITAS
    • CONTATO