O ALFABETO SEMPRE NOVO
COM QUE DEUS SE ESCREVE
O dia de Pentecostes não foi apenas aquele dia concreto, em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, reunidos no cenáculo. O Pentecostes passou a ser o tempo da Igreja, tornou-se o tempo do mundo e a história de cada um de nós. Cada crente é uma consequência do Espírito Santo e cada jornada da nossa vida é uma jornada de Pentecostes. A cada instante, o Espírito Santo é derramado sobre nós; o Espírito Santo vem em nosso auxílio e testemunha o amor de Deus ao nosso coração inseguro e incrédulo. É Ele, de facto, quem diz ao nosso coração: “Deus é credível, podes amá-lo, podes confiar no Seu amor e na Sua Promessa.” Jesus chama ao Espírito Santo “o Defensor” – e esse nome não poderia ser mais exato – porque Ele não deixa que a noite fale ao nosso coração, não deixa que a voz de sombra do medo se sobreponha à voz da esperança.
E como se expressa o Espírito Santo nas nossas vidas? Traduz-se na multiplicidade dos dons, nessa divina confiança esparsa, espalhada, infundida que nos faz descobrir mais competências, mais capacidades, mais potencialidades que nós próprios pensávamos poder possuir. Se calhar, vivemos a vida toda a achar que não somos capazes disto e daquilo ou que, por exemplo, os milagres não são para nós. Mas os milagres estão na ponta das nossas mãos, no interior das nossas palavras, no impulso de acordar e revitalizar a vida, de cuidar, de curar e transformar a história. O Espírito é o alfabeto é sempre novo com que Deus Se escreve. É essa criatividade em ato que no aqui e no agora nos estimula a ser.
25.05.2020