Tradução Ecumênica da Bíblia
Edições Loyola / São Paulo / SP / Brasil – 2020
Em 1975, houve uma bonita emoção, pois o grande projeto de um texto de estudo da Bíblia, preparado por peritos judeus, católicos, ortodoxos e das grandes confissões protestantes, iniciado dez anos antes com a publicação do Novo Testamento, foi concluído com a publicação do Primeiro Testamento (Antigo). Enfim, foi lançada a Tradução Ecumênica da Bíblia, em francês.
Agora temos nas mãos, em nosso português brasileiro, a TEB. Para os livros do Antigo Testamento, considerados canônicos por todas as igrejas cristãs, seguiu-se a ordem das Bíblias hebraicas contemporâneas. No final da lista, ficaram os livros que católicos e ortodoxos classificam como “deuterocanônicos” e os protestantes denominam “apócrifos”, que, no entanto, figuram em edições protestantes nos primórdios da Reforma. Quanto à disposição e textos do Novo Testamento, não existe nenhuma diferença entre as Bíblias católicas e protestantes.
Esta atual edição da Loyola segue a versão francesa de 2010. Portanto as introduções e notas são revistas e atualizadas. Assim, o leitor atento das notas, por exemplo, dos livros do Pentateuco (a Torá hebraica) notará que elas tomam distância da anterior teoria documental, que via nestes textos vestígios de documentos (deuteronomista, javista, eloísta, sacerdotal). Mesmo a fonte Quelle, tentativa de explicação das semelhanças dos evangelhos sinóticos (Lc, Mt e Mc) perde muito da sua importância nas introduções e notas atuais.
Esta edição em vernáculo foi cuidadosamente comparada com os originais hebraicos, aramaicos e gregos. Pode ser considerada, praticamente, tradução dos originais. Escrevem os Editores na pg X: “Nos casos em que as equivalências semânticas exigidas pela língua e cultura francesas não se adequavam ao nosso público, afastamo-nos da idiomática francesa, não, porém das opções interpretativas da edição francesa (TOB)”.
Para dar alguma ideia da linguagem usada, de modo geral, nesta versão ecumênica, transcrevemos algumas linhas do prólogo do Evangelho segundo São João:
No início era o Verbo, e o Verbo estava voltado para Deus, e o Verbo era Deus, Ele estava no início voltado para Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada se fez do que foi feito. Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens, e a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreenderam..
Na verdade, a nota correspondente não explica bem porque não se usou o tradicional e bem atestado “no princípio” e se deu preferência ao “no início”. Pormenores assim em nada prejudicam a leitura fluente da tradução que temos em mãos e que será valiosa como Bíblia de estudo, mas também como texto de oração.