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A Consolada*
Já na luz do amanhecer, quando lhe trouxeram algum alimento, ela o tomou com apetite. Mas guardou tudo no coração. Só à medida que as discípulas voltaram do túmulo vazio, dando notícia do aviso dos Anjos, só quando Pedro e João voltaram com a confirmação, quando o Senhor Ressuscitado se manifestou aonde os Apóstolos se trancavam com medo e hesitação, ela aderiu ao anúncio: “Vimos o Senhor! Ele ressuscitou”! Maria se alegrava, percebendo que a consolação que recebera do seu Filho na madrugada do terceiro dia, se espalhava, os olhos brilhavam, os sorrisos se multiplicaram. E todos permaneciam reunidos em oração, rodeando-a, até que, como o que lhes tinha sido dito, viesse o Espírito. Mas antes, sem dúvida, Maria acompanhou os discípulos ao monte na Galileia, e ouviu as palavras de Jesus que iriam marcar até nossos dias os batizados: “A Mim foi concedido todo o poder no céu e na terra. Portanto ide fazer discípulos entre todas as gentes, batizando-os e consagrando-os em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a cumprir tudo o que vos mandei. Estarei convosco até o fim do mundo” (ver Mt 28,16-20).
Esta bonita temporada de aparições e consolações durou 40 dias, o tempo de forjar uma primeira geração cristã. Segundo São Lucas escreveu no começo do Livro dos Atos dos Apóstolos, antes de ser elevado aos céus (ver At 1,5-11), Jesus mesmo lhes disse que permanecessem em Jerusalém, esperando o Espírito Santo da Promessa, na festa de Pentecostes, todos “perseverando unidos em oração com Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Até hoje assim perseveram os católicos, unidos em oração com a Santa Mãe de Deus.
Na manhã de Pentecostes, podemos imaginar o belo despertar de Maria. Começava um novo tempo de fé e alegria: “De repente, veio do céu um ruído, como de uma ventania, que encheu toda a casa onde estavam. Apareceram como línguas de fogo, repartidas e pousadas sobre cada um dos presentes. Encheram-se todos do Espírito Santo e começaram a falar línguas estrangeiras, conforme o Espírito Santo lhes permitia expressar-se” (At 2,14). Naquele dia, pelo dom do Espírito, a Igreja começou a se comunicar com “partos, medas, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto, da Ásia, Frígia e Panfília, Egito, regiões da Líbia, próximas a Cirene, romanos residentes, judeus e prosélitos, cretenses e árabes”. Todos nós temos ouvido podemos ouvir em nossas línguas as maravilhas de Deus (ver At 2,9-11).
Ali, em Jerusalém, havia judeus peregrinos de todos os lugares em volta do Mar Mediterrâneo. Ali, naquela festa do Espírito Santo, Maria via começar a proclamação de seu amado Jesus, como o Cristo, o Messias e a Boa Nova ter o início de sua propagação, que continua. Maria percebeu que ia se cumprindo sua profecia, quando, inspirada pelo Espírito, cantou: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48). Ela era então pouco de mais de uma menina, começando a adolescência, e ousou, por pura graça, declarar que seu louvor se manteria geração após geração, coisa que nenhuma rainha ou mulher famosa ousou, e, se ousou, falhou. Maria, a Mãe do Salvador não falhou. Nunca houve mulher como Maria, nem nunca houve tão amada.
TU QUE HABITAS AO AMPARO DO ALTÍSSIMO (LAÇO DO CAÇADOR) (Sl 90/91)
TU QUE HABITAS AO AMPARO DO ALTÍSSIMO, à sombra do todo poderoso, dize ao Senhor: meu amparo, meu refúgio, em ti, meu Deus, eu coloco minha confiança.
*Festa da Consolata em Cafelândia / PR