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A noite em que a Luz rompeu as trevas
“A luz resplandeceu, em plena escuridão!
Jamais irão as trevas romper o seu clarão”
Estava escuro no Cenáculo. Uma candeia dava alguma luz. Outras luzes eram o brilho dos olhos de Maria Santíssima, pensando em Jesus, que estaria cuidando das coisas do Pai amado. E ela, a Senhora das Dores, mas também Mãe do Belo Amor e de toda Santa Esperança, recordava a profecia de Simeão, sentia a espada de dor transpassar seu Coração, mas recordava os dias amáveis da convivência com Jesus e José. Passava e repassava as lembranças, também de Joaquim e Ana, seus bons e santos Pais. E elevava os olhos e as mãos para o Pai dos Céus. Sempre de novo se confiava à Divina Providência. O Senhor não tinha socorrido Abraão e salvo a vida do jovem Isaac? E lembrava escada de Jacó, por onde os Anjos tinham subido e descido, em sinal do amor misericordioso de Deus. Ele, o Senhor, era o Deus de Abrão, Isaac e Jacó. Seu Coração era chamado a confiar contra tudo e contra todos.
Permanecia serena, na sua dor, na saudade, nas memórias suas e de Israel, seu povo. A noite de sexta se foi. De manhãzinha, as santas amigas e discípulas, lhe vieram trazer algum alimento. Ela sorriu, agradeceu e se forçou a tomar alguma coisa. Assim as consolava. Ela era, e continua sendo, Nossa Senhora da Consolação. Contra toda esperança, ela esperava: “Esperarei no Deus de minha Salvação” (Mq 7,7). E assim escoaram os minutos daquele longo Sábado Santo, novamente escureceu, a candeia foi acesa. E a Mãe continuou na sua meditação, nas suas preces e em momentos de pura contemplação.
De madrugada, ao terceiro dia, uma suave luz a rodeou e inundou até o mais íntimo dela e ela lembrou o Anjo Gabriel no dia da Anunciação. Mas – ó alegria verdadeira! – não era um Anjo que surgia, mas seu próprio Filho, Vivo, Glorioso, Ressuscitado, com as marcas dos cravos proclamando: “Sou Eu mesmo”! E ela O amou e glorificou desde o fundo do seu Imaculado e Fiel Coração. E Ele, o Ressuscitado que tinha sido Crucificado, exerceu, piedosamente, com Sua doce Mãe, seu ofício de Consolador. E o Divino Espírito, o Outro Consolador, fez sentir Sua presença de Doce Hóspede da Alma
Imaculada, Maria do Povo
IMACULADA, MARIA DE DEUS, / coração pobre acolhendo Jesus! / Imaculada, Maria do povo, / Mãe dos aflitos que estão junto à cruz!
1. Um coração que era “sim” para a vida, / um coração que era “sim” para o irmão. / Um coração que era “sim” para Deus, / Reino de Deus renovando este chão.
2. Olhos abertos pr’a sede do povo, / passo bem firme que o medo desterra, / mãos estendidas que os tronos renegam, / Reino de Deus que renova esta terra.
3. Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, / que os nossos passos se tornem memória, / do amor fiel que Maria gerou: / Reino de Deus atuando na história.
José Thomaz Filho / Frei Fabreti, OFM.