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Amar a Deus
Maria Virgem amava a Deus sobre todas as coisas. Não se dividia entre amores, mas amava a Deus, isto é, ao Bem, à Beleza, à Santidade, à Vida, à Justiça… E em tudo o que via, reconhecia a obra de Deus e nela O amava: nas roseiras, enfeitando a porta da singela casinha de Nazaré, nas ervas humildes, com tanto poder curativo, de seu canteiro, carinhosamente plantado no terreno ao lado, e que ela podia ver da janela do lado direito, da parreira do lado esquerdo, dando sombra entre a casa e o telheiro, que servia de oficina a São José. Amava as poucas ovelhas e cabritas, que os dois criavam no fundo do pasto. Depois da morte de São José e do começo da vida pública do Filho amado, ela cuidava de tudo, sempre atarefada. Estando sozinha, já não precisava dar tantas viagens, com o cântaro no ombro ou na cabeça para buscar água. Não podia deixar de tecer, fiar, costurar, bordar, fazer queijos para vender e ganhar o pão de cada dia e o pão que repartia com os necessitados. Como seu Filho era o Bom Pastor, ela confiava que nada lhe faltaria, como nada lhe faltou. Ah, sim, ela amava as ovelhas do Seu Filho e tinha compaixão delas.
Alguns bons vizinhos, que amavam Jesus, sem saber bem por quê, iam, de bom grado, sem que ela nada lhes pedisse, dar-lhe “u’a mãozinha”. Um rapaz, companheiro de jogos do Menino Jesus, sempre se oferecia para cuidar do pequeno rebanho. Ester, uma parenta mocinha, fazia alguns trajetos a mais para trazer água. Assim, por incrível que parecesse, Maria tinha tempo para acudir alguma vizinha idosa e doente. Podia ser feliz na pequena Nazaré. E era. Acordava e deitava com a lembrança de Jesus, seu Filho amado. Viajantes lhe traziam notícias: como multidões – não como as romanas nas arenas para verem feras despedaçarem prisioneiros, gladiadores se matando – mas modestas turbas daqueles povoados da humilde Galileia, O rodeando para ouvi-l’O, para Lhe levarem seus doentes, a fim de serem curados. Com Ele, por Ele e n’Ele transparecia a bondade de Deus, sua ternura para conosco. Ele era o Bom Pastor, compadecido das ovelhas em pastor (Mc 6,34).
Certamente, se ouvisse o povo cantar esta canção, como ouve lá do céu, seu Coração Imaculado bateria contente e feliz:
1. COMO O SOL NASCE D’AURORA de Maria nascerá./ Aquele que a terra seca em jardim converterá./ Ó Belém, abre os teus braços ao pastor que a ti virá.
Emanuel, Deus conosco, vem ao nosso mundo, vem.
2. Ouve, ó pastor do teu povo, / vem do alto dos céus onde estás!
3. Vem teu rebanho salvar, / mostra o amor que lhe tens! / Cultiva e protege esta vinha, / foi tua mão que a plantou!
4. Protege e confirma o teu eleito, / aquele que é nosso pastor!
5. Liberta-nos, ó Deus, ó Salvador / Estende-nos a mão e seremos salvos
6. Nunca de ti nos afastaremos, / dá-nos a vida e louvaremos o teu nome!
A. Trevisan / Pe Ney Brasil Pereira
“Celebrar e cantar”, Teresa Cristina Potrick, ISJ & R. Paiva, SJ, Loyola /SP