250awhitea250a250a
  • INÍCIO
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO
CONTATO
O Livro do Deuteronômio
18/02/2020
Livro dos Juízes
21/02/2020

Livro de Josué

Livro de Josué*

Josué: um retrato

 

Lemos a respeito de Josué já no Livro do Êxodo, quando ele vence os amalecitas, numa batalha célebre, porque Moisés ficou orando de braços abertos para alcançar o favor de Deus (ver Ex 17,8-13). Em outras passagens, Josué aparece como estreito colaborador de Moisés (ver Ex 32,17; 24,13; Nm 11,28). Fez parte do grupo enviado para explorarem a Terra Prometida. A maioria voltou com relatos tremendos do poderio dos seus habitantes. Josué ficou em minoria, defendendo que se confiasse no Senhor e se entrasse no território. Mas o povo relutou, e, por isso, toda aquela geração morreu no deserto do Sinai, e mesmo Moisés somente pôde olhar de longe a Terra Prometida (ver Nm 13,1-24.30). Enfim, ele é indicado como o sucessor de Moisés para levar o povo a atravessar o rio Jordão e encerrar o êxodo e o período de pastoreio nômade (ver Dt 31,3.14s.23; Js 1,1-9).

No Livro bíblico que leva o seu nome, Josué é figurado como um herói, que levou de roldão todos os adversários e conquistou toda a Terra Prometida numa arremetida contínua. Sabemos, pelo Livro dos Juízes e pelos estudos históricos e arqueológicos, que este livro, composto bastante tempo depois dos acontecimentos, tem uma finalidade de expressar a convicção de que o Senhor Deus de Abraão, Isaac e Jacó não falha em suas promessas. Os estudiosos ainda não chegaram a uma conclusão sobre a história deste livro.

O fato é que, embora seja uma “condensação” dos relatos da ocupação da região de Canaã, entre o Jordão e o Mediterrâneo, o sul dos Montes Líbano (Galiléia) até o deserto de Negev, seja uma narrativa épica de uma história real mais penosa e fragmentada, o Livro de Josué não aponta para uma ficção: os israelitas, historicamente falando, vieram principalmente do deserto, onde levavam uma vida nômade, e desalojaram (aos poucos), os antigos moradores das pequeninas cidades fortificadas, seus pastos e vinhas.

 

O Livro

Para quem lê a Bíblia nos dias de hoje, o relato do Livro de Josué, continua o Deuteronômio: Moisés morre, Josué assume a liderança e atravessa o Jordão a pé enxuto, numa repetição da travessia do Mar Vermelho, toma Jericó, num episódio mais litúrgico do que guerreiro, e conduz o povo a ocupar todo o território, dividindo-o pelas doze tribos, herdeiras dos filhos de Jacó.

O Livro, como está, pode ser dividido em três partes:

1. A conquista de Canaã (capítulos 1-12);
2. A divisão do território entre as tribos, e a situação especial dos levitas (capítulos 13-21);
3. Um “anexo”: uma querela a respeito de um altar (capítulo 22); uma exortação de Josué, quase sua despedida e legado espiritual (capítulo 23); o episódio da aliança de Siquém, um pacto entre todas as tribos de Israel (capítulo 24).

Na primeira parte há grandes “mistérios”, não tanto para o leitor piedoso da Bíblia, mas para o historiador: tudo indica que Jericó era uma ruína na época mais provável da invasão. Igualmente a tomada de Hai ou Aï, cujo nome significa “ruína” e era ruína há muito, quando, quase certamente, os israelitas se fizeram presentes em Canaã. Os estudiosos, na falta de mais elementos, sentem-se confusos para nos dar um painel coerente dos fatos tão remotos de uma penetração de populações nômades, entre as várias cidades-reinos, que formavam uma colcha de retalhos, com populações de várias etnias e línguas. As fronteiras eram porosas, e todos estavam habituados com velhos costumes de admitir grupos nômades nos seus pastos, como lemos na história, por exemplo, de Abraão. Com mais estudos, avançaremos, mas é inegável que os israelitas acabaram por se apropriar do território e formaram o antigo reino de Saul, Davi e Salomão.

 

Josué e Jericó (Js 1-4)

 

O Livro dos Juízes apresenta a imagem de uma ocupação lenta e laboriosa da Terra Prometida. No Livro de Josué a história verdadeira parece transfigurada em lances heroicos e até sangrentos. As escavações arqueológicas e estudos pormenorizados da história do povo hebreu, demonstram que, na época da chegada das tribos ao rio Jordão (entre 1250 e 1200 a.C.), a antiquíssima Jericó (talvez a mais antiga cidade do mundo) estava destruída. Logo não seria possível que suas muralhas tivessem ruído ao toque das trombetas, grande final de uma liturgia de procissões com a Arca. Se o Livro de Josué é, como tudo indica, um livro escrito muito tempo depois dos acontecimentos, com intenção de revisitar a mal conhecida história das origens para inspirar confiança a seus contemporâneos, louvando a Mão poderosa do Senhor e seu Braço estendido, então se compreende facilmente e se pode ler com proveito este épico bíblico, como se fosse a narrativa poética de Camões da viagem às Índias de Vasco da Gama. A poesia revela a história, mas do seu jeito, transfigurada.

De certo, para nômades que vinham de Moab, terra árida e difícil, a entrada pela fértil planície de Jericó era o mais evidente. Por seu lado, estas terras tão fecundas e irrigadas – mesmo que a cidade fortificada estivesse em ruínas – não seriam deixadas sem cultivo. Há poucas ou nenhumas dúvidas a respeito: elas tinham moradores, tinham alguma defesa. No momento, temos mais perguntas que respostas. Reconhecemos em que os tempos passados, por causa de sua repercussão fez com que sejam vistos como momentos maravilhosos.

 

A Arca

 

Que Josué liderou a travessia do Jordão e foi o detonador da reunião dos hebreus do Egito com tribos irmãs, que tinham continuado pastoreando aqui e ali na velha Canaã, não há muitos que duvidem. E que ele é apresentado no livro como sucessor de Moisés, nada a discutir. Ora, se a Mão de Deus livrou o povo da servidão no Egito, inspirando Moisés a conduzi-lo na travessia do Mar dos Juncos e através do deserto do Sinai, esta mesma Mão poderosa abençoou a tarefa de Josué: o Jordão e os inimigos não puderam nada contra a bênção! Os sacerdotes têm um papel maior que os guerreiros, e a Arca da Aliança do Sinai ainda maior: ela é colocada no leito sem águas do rio e é levada em procissão em torno das defesas da cidade. Contudo, a personalidade central da narrativa é o Senhor Deus. O Autor anônimo desta história recuperou a memória do passado, focalizando a atenção dos leitores para a maravilhosa providência divina.

Assim, mais ou menos, Vítor Meirelles pintou a independência do Brasil nas margens do Ipiranga: fardou os acompanhantes de Dom Pedro, com uniforme que só depois seria criado; trocou a mula montada pelo Príncipe por um formidável cavalo… Mentiu o pintor? Pintores não são repórteres, e Vítor Meirelles nos deu o fato e seus ecos retumbantes! Em poucos e breves capítulos, o Livro de Josué dá o fato, apontando o tempo todo para o Deus da Aliança e Seu sinal, a Arca do Sinai.

Lendo com simplicidade estes capítulos iniciais do Livro de Josué caímos em conta como foi para estes nômades ganharem, sucessivamente, dos donos de cidades fortificadas toda aquela terra, dom de Deus.

 

Raab, mulher com nome de monstro (Js 2)

 

“Rahab”, em hebraico, é um termo de significado incerto, mas atribuído a um ser monstruoso, ora designando o caos, a confusão ameaçadora (Is 59,12; Sl 89-90,10-11; Jó 9,13 e 26,12), claro: a quem Deus vencia e dominava. Por isso, pela convicção de que o Senhor acalma as tempestades, Isaías chama o Egito, com menosprezo, de “Raab sentada” (Is 30,7).

É curioso que uma dona ou gerente de bordel usasse este nome. Mas ela era uma pagã, e, quem sabe, os cananeus teriam Raab como um poder divino, um deus… Ela é apresentada no Livro de Josué como protetora dos espiões hebreus, que, por isso, é preservada quando aconteceu o ataque e a conquista. Assim, mais adiante, lemos: “Mas Raab, a meretriz, assim como a casa de seu pai e tudo o que lhe pertencia, Josué os poupou. Ficou ela habitando até hoje no meio de Israel, por haver ocultado os mensageiros, que Josué enviara para reconhecer Jericó” (Js 9,25). Mais extraordinário é que ela é mencionada na genealogia de Jesus, como tendo casado com um certo Salmon, tendo um filho, Booz, que, por sua vez, desposou Rute (Mt 1,5; ver Livro de Rute). Portanto, uma cananeia de profissão reprovável veio a se tornar uma das antepassadas do Messias! Coisas da Providência do Deus Amor, que nos redime, cura e salva.

O Autor da Carta aos Hebreus assim se refere a esta personagem: “Foi pela fé que a prostituta Raab acolheu pacificamente os espiões e não pereceu com os incrédulos” (Hb 11,31). Também na Carta de Tiago seu exemplo é lembrado: “E Raab, a meretriz, não foi igualmente reconhecida como justa pelas obras, quando acolheu os mensageiros, despedindo-os depois por outro caminho?” Enfim, de um episódio aparentemente menor, aprendemos uma bela lição do valor da fé e da misericórdia: “Assim como o corpo sem alma é morto, também a fé sem obras é morta” (ver Tg 2,25-26).

  • A ilustração mostra ruínas de Jericó, reveladas pelo trabalho dos arqueólogos.
Compartilhar

Quem acessou este conteúdo também leu:

13/05/2022

Maria quem é – 42 – A volta feliz


Leia mais
10/05/2022

A 13 de maio – A Senhora de Fátima, Santa Rita e Santa Joana d’Arc


Leia mais
04/05/2022

Cardeal Tolentino: Rezar o agora


Leia mais

Nossa missão neste site:

Caminhando com Ele, com Cristo, é uma Revista de Espiritualidade, fruto da insistência amiga, quando deixei de ser o encarregado do “site”de Itaici, Vila Kostka, em dezembro de 2008.
Sou o Padre Jesuíta Raul Pache de Paiva, SJ, conhecido simplesmente como “Pe. Paiva”.
Nasci no Rio de Janeiro e tenho andado por muitos lugares e países. Talvez os mais distantes foram Austrália e Nova Zelândia.
No Brasil, conheci bem os sertões de Minas e Bahia, Marajó da floresta inundada e tenho ido a quase todos os Estados. Trabalhei em educação, também universitária, e dou cursos e retiros (em particular, conforme Santo Inácio de Loyola e seus “Exercícios Espirituais”).
  • INÍCIO
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO

FALE CONOSCO

    Seu nome (obrigatório)

    Seu e-mail (obrigatório)

    Seu telefone (obrigatório)

    Assunto

    Sua mensagem

    Mais recentes no site

    • Maria quem é – 42 – A volta feliz
      13/05/2022
    • A 13 de maio – A Senhora de Fátima, Santa Rita e Santa Joana d’Arc
      10/05/2022
    • Cardeal Tolentino: Rezar o agora
      04/05/2022
    • São José Trabalhador – 1o de Maio
      01/05/2022
    • Uma extraordinária mulher: Santa Catarina de Sena
      29/04/2022
    • INÍCIO
    • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • RECEITAS
    • CONTATO