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Os dois últimos cânticos das Lamentações (capítulos 4 e 5)
Os dois últimos capítulos do Livro das Lamentações choram episódios que nos apertam o coração: “As mãos de mulheres delicadas cozinham seus próprios filhos e comem, enquanto desmorona a capital do meu povo” (4,10).
E, também, uma lamentação que é uma confissão de culpa:
“Pelos pecados dos seus profetas e pelos crimes dos seus sacerdotes, que derramaram sangue inocente no meio dela, vagavam eles como cegos pelas ruas, manchados de sangues e ninguém podia tocar suas vestes. Gritavam: ‘Para trás, estou impuro! Para trás, não me toqueis’! Iam como fugitivos ou foragidos, que não encontram mais asilo. O próprio Senhor os dispersou e já não se ocupa com eles, Não há respeito pelos sacerdotes, nem compaixão pelos anciãos” (4,16).
O capítulo 5 começa com oração:
“Recorda, Senhor, o que nos aconteceu! Olha e considera as afrontas que nos fizeram! Nossa herança passou para os bárbaros, nossas casas para estrangeiros. Estamos órfãos de pais e nossas mães ficaram viúvas. Temos de comprar água para beber e pagar pela lenha que catamos, Empurraram-nos com jugos nos pescoços, e nos afadigam sem nos dar descanso… Nossos pais pecaram, mas já não vivem, e nós carregamos suas culpas. Uns escravos nos submeteram e ninguém nos livra do seu poder. Arriscamos a vida pelo pão, pois a espada ameaça em campo aberto, Nossa pele queima como forno, torturada pela fome. Violaram as mulheres em Sião e as donzelas nos povoados de Judá. Com suas mãos enforcaram os príncipes, sem respeitar os anciãos. Forçaram os jovens a tocar o moinho e os rapazes sucumbiram ao peso dos feixes de lenha” (5,1-13).
Contudo, novamente, o sopro de esperança:
“Mas Tu, Senhor, és Rei para sempre! Teu trono perdura de geração em geração. Porque Te esqueces de nós para sempre e no abandonas por tanto tempo! Shor, leva-nos a Ti, para que voltemos! Renova os tempos passados! Ou será que já nos rejeitaste com cólera sem medida?” (5,19-22).
Com esta súplica termina o Livro das Lamentações. Sabemos que os judeus voltaram do exílio na Babilônia, reconstruíram as cidades e o Templo. Outros momentos terríveis vieram como as dominações dos sucessores de Alexandre Magno, e, pior ainda, com a conquista pelos romanos, que dispersaram os vencidos como escravos pela vastidão do seu império. No entanto, o Senhor Deus mostra seu poder através mesmo do sofrimento e da morte, da Cruz e Ressurreição! O povo judeu vive e faz prodígios! E a Igreja é o Novo Israel! Aleluia!