A vida que vale à pena
São Gregório de Agrigento
2ª Leitura da sexta-feira da 7ª semana do tempo comum
25 de fevereiro de 2022
Vem, come com alegria o teu pão
E bebe com o coração feliz o teu vinho,
Porque tuas obras já agradaram a Deus (Ecle 9,7).
A explicação mais simples e clara desta frase me parece ser uma justa exortação que nos dirige o Sábio (Eclesiastes): abraçando um tipo de vida simples e apegados à instrução de um fé sincera para com Deus, comamos o pão com alegria e bebamos o vinho de coração feliz, sem escorregar para palavras maldosas nem nos comportar com falsidade.
O que nos faz rezar como no Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”!
Pelo contrário: pensemos sempre no que é reto, e, quanto nos seja possível, auxiliemos com misericórdia e generosidade os necessitados e mendigos. Isto é, sejamos atentos aos desejos e ações com as quais o próprio Deus se delicia.
Jesus, no Batismo recebemos o Espírito Santo, que quis habitar conosco em nossos corações. Que eles sejam dignos de um Hóspede altíssimo e santíssimo e que recusemos todo pensamento malicioso, descarado, sem sabedoria, a sabedoria que vem do Alto, do Pai de toda consolação e misericórdia! Mas são desejos e pensamentos de paz socorrer os irmãos e irmãs que padecem necessidades, a quem falta moradia, trabalho, alimento. Dá-nos corações misericordiosos, pois o Pai é puro Amor Misericordioso!
No entanto, o sentido místico nos leva a mais altos pensamentos e ensina-nos a ver aqui o Pão celeste e sacramental, que desceu o céu e trouxe vida ao mundo.
Conheci um pai que rezava para que seu filho tivesse amor à Eucaristia. Amor à Eucaristia, Bom Jesus, significa amor a Ti, a ter um coração grato e contente, saber ser reconhecido a Teus dons e bênçãos. Entrando numa igreja católica, vendo a luzinha junto ao Tabernáculo, logo nos lembramos que Tu armastes Tua tenda entre nós, que caminhas conosco, indo pelo mundo afora, como levaste, outrora, pelo deserto, o povo, saído do Egito. A Teu Coração, ardente de amor, nós nos confiamos!
Ensina-nos também, com o coração feliz a beber o vinho espiritual, aquele vinho que jorrou do lado da verdadeira vide, no momento de Sua Paixão salvífica. Destes fala o Evangelho de nossa Salvação: “Tendo Jesus tomado o pão, abençoou-o e disse a seus santos discípulos e apóstolos: ‘Tomai e comei. Isto é o Meu Corpo, que por vós é repartido para a remissão dos pecados’. O mesmo fez com o cálice e disse: ‘Bebei todos dele. Este é o Meu Sangue da Nova Aliança, que por vós e por muitos é derramado em remissão dos pecados’. Os que comem deste Pão e bebem deste Vinho, enchem-se de alegria , exultam e podem exclamar: “Deste alegria a nossos corações”.
Jesus, que não comunguemos por rotina, sem juízo nem sentimentos de carinho e acolhida por Ti, que Te dás todo, Corpo, Alma, Sangue e Divindade, no Santíssimo Sacramento!
Sacudi nossa indiferença, nosso afastamento. Incendia de amor nossos corações!
Ainda mais, penso eu, este Pão e este Vinho designam, no Livro dos Provérbios, a Sabedoria de Deus, subsistente por Si mesma, o Cristo nosso Salvador, quando diz: “Vinde, comei do meu pão e bebei do vinho que preparei para vós” (Pv 9,5); indicando assim a mística participação do Verbo de Deus. Os que são dignos desta participação, trazem, em todo o tempo, vestes ou obras não menos luminosas do que luz, realizando o que o Senhor diz no Evangelho: “Que vossa luz brilhe diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
Pai Santo, pelos méritos de Jesus Cristo, na força suave do Espírito Santo, concede-nos ser luzes acesas no Teu Amor, para darmos testemunho de Ti mesmo no meio das trevas!
Igualmente se percebe que, em suas cabeças, escorre sempre o óleo, isto é, o Espírito da Verdade, que os protege e defende contra todo o dano do pecado.
Pai Nosso, não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, pelo poder da Cruz onde Teu Filho nos mostrou o Amor até o fim, até o extremo (Jo 13,1)!