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Babilônia e Jerusalém*
Babilônia foi uma enorme e gloriosa cidade, capital de um império que ia das margens do Nilo ao planalto e montanhas da Pérsia. Há muito séculos se tornou uma ruína, onde alguns turistas visitam seus restos. Suas magníficas portas podem ser vistas em Berlim, atestando como era esplêndida. Mas lemos sobre o seu fim no Livro do Apocalipse, escrito no primeiro século da era cristã, apenas algumas décadas depois da morte e ressurreição de Cristo Jesus: “Gritou uma voz poderosa: ‘Caiu, caiu a Grande Babilônia! Tornou-se moradia de demônios, abrigo de toda espécie de espíritos imundos, abrigo de todo o tipo de aves impuras e nojentas…” (Ap 18,2).
Pois foi o mais poderoso e célebre rei babilônico que tomou e devastou Jerusalém, Nabucodonosor, no ano de 587 a.C. No entanto, Ciro, o Persa, que conquistou Babilônia, permitiu e apoiou o regresso dos judeus desterrados e a reconstrução de Jerusalém e de seu Templo. Do Templo, em nossos dias, restam um imenso muro e vasta esplanada, onde se veem duas magníficas mesquitas. Mas Jerusalém existe e é a capital dos judeus.
A queda de Jerusalém, no entanto, foi chorada amargamente pelos desterrados para Babilônia, sem esperanças. Não eram escravos propriamente, como seriam as vítimas da conquista pelos romanos, espalhados por todo o vasto domínio de Roma, que ia da Escócia atual ao deserto do Saara, do atual Iraque às margens do Atlântico, praias de Portugal e do Marrocos. Seja como for, o povo judeu está vivo, presente em várias partes do mundo, em particular no Estado de Israel.
Ainda ouvimos seu cântico angustiado e podemos rezá-lo nos momentos de desgraça dos povos em nossos tempos aflitos (Lm 1):
Como está solitária a cidade populosa!
Tornou-se viúva a primeira das nações,
A princesa das províncias em trabalhos forçados.
Passa a noite chorando, correm lágrimas por sua face,
Ninguém entre seus amigos a consola.
Todos os seus aliados a traíram, tornaram-se seus inimigos.
Judá foi para o desterro, humilhada e escrava.
Hoje, habita entre os pagãos sem encontrar repouso.
Os que a perseguiam alcançaram-na e cercaram-na..
Os caminhos de Sião estão de luto, pois ninguém vem a suas festas,
Suas portas estão e ruínas, seus sacerdotes gemem,
Suas donzelas estão desoladas, e ela mesma, cheia de amargura…
Até suas crianças foram para o desterro, à frente dos inimigos.
*Ilustração: Uma reconstituição imaginativa de Babilônia, no auge do seu poderio