Jeremias – 4
Ainda no tempo de Joaquim Jr 8-20*
As condições de Judá, pequenino reino, cuja população perdia sua identidade e sua solidariedade, na medida em que deixava seu Deus e se deixava invadir pelos ídolos dos povos vizinhos, se tornavam desesperadoras (ver Jr 8,4-7). O inimigo, que viria do norte, o terror, se aproximava, para encontrar uma nação desagregada, onde reinava desonestidade e violência (ver Jr 9,2-9). No capítulo 11, são registrados três discursos sobre a Aliança, que não “funcionaria” de modo mágico e automático, mas requeria fidelidade ao Senhor da Aliança. A prosperidade dos idólatras seduzia os corações, naqueles dias como hoje. O profeta enfrentou este enigma: a riqueza dos maus (Jr 12,1-6). Mas aquela sociedade tão dividida não poderia se manter (Jr 12,7-13).
Para piorar a situação, sobreveio tempo de seca. Nem as elites escapam da falta de água, quando “até a gazela dá cria e a abandona no campo aberto”. O profeta orava: “Esperança de Israel, Salvador do perigo, por que Te comportas como forasteiro no país?” Mas ouve uma dura resposta: “Não intercedas a favor deste povo!” Segue-se um oráculo contra os falsos profetas, que insistem em proclamar bênçãos, em vez de clamarem pela conversão dos corações (ver capítulos 14 e 15).
Desanimado o profeta se lamentou: “Ai de mim, minha mãe, porque me geraste!” (ver Jr 15,10-21). Tanta tristeza fica agravada pelo oráculo do Senhor: “Não tenhas filhos nem filhas neste lugar (…). Morrerão de morte cruel…” (ver Jr 16).
O profeta não cessou de rezar: “Cura-me, Senhor, e ficarei curado! Salva-me e serei salvo! Meu louvor é para ti…” (ver Jr 17,14-18). O Senhor o continua enviando a profetizar, quer no Templo, quer na “oficina do oleiro” (ver Jr 17,19 a 18,17). Mas os ouvintes se cansam da proclamação de tanta desgraça e começam a tramar contra a vida dele (ver Jr 18,18 e 20,1-6). Mas que podia fazer Jeremias? “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir!” (Jr 20,1).
*Ilustração: Babilônia antiga