360 Por que insistir em rezar se parece que não estamos sendo atendidos?
Porque sabemos que a confiança de filhos se fortalece nas contrariedades e aflições da vida: Até nos orgulhamos de nossos sofrimentos, pois temos a certeza de que “os sofrimentos geram a paciência, a paciência é a comprovação da fidelidade e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, porque Deus tem derramado o seu amor em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Sim, quando ainda estávamos sem força, no tempo devido, Cristo morreu pelos maus … Mas Deus mostra seu amor por nós pelo fato de Cristo ter morrido por nós, quando ainda éramos pecadores” (ver Rm 5,3-8).
Também reconhecemos que “não sabemos como devemos rezar” (Rm 8,26). E até acontece rezarmos muito mal: “Donde vêm as guerras? Donde vêm os conflitos entre vós? Não é precisamente de vossas paixões que lutam em vossos membros? Cobiçais sem nada conseguirdes. Sois assassinos e alimentais invejais, sem nada alcançardes. Mas não tendes porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal. Pedis para dissipar em vossos prazeres” (Tg 4,1-3), como o filho mais novo da parábola (Lc 15,12).
Por isso devemos aprender a rezar com Cristo Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para vossas almas” (Mt 11,29). Na sua agonia, Jesus rezou assim: “Meu Pai, se é possível afaste-se de mim este cálice. Contudo, não se faça como eu quero, mas como tu queres”! (Mt 26,42). Assim estaremos de acordo com a petição que fazemos no Pai nosso: “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu” (Mt 6,10).
A vontade do Pai foi sustentar a entrega do Filho no seu amor até o extremo (Jo 13,1), e “porque Jesus se fez obediente até a morte e morte de cruz, Deus o exaltou grandemente e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fl 2,8-9). Cristo é o modelo de nossa oração perseverante nas alegrias e aflições da vida: “É ele quem, nos dias de sua vida na terra, dirigiu petições e súplicas, com veementes clamores e lágrimas, a Deus, que o poderia libertar da morte. E foi ouvido por causa de sua piedade. Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que padeceu. E tendo se tornado perfeito, fez-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”… (Hb 5,7-9). Na verdade, justamente por ter passado provações é que pode vir em ajuda dos que passam por elas (Hb 3,14).
Em resumo, vale o conselho do Autor Sagrado: “Encorajai-vos uns aos outros cada dia … porque nos tornamos participantes de Cristo, sob a condição de conservarmos firmemente, até o fim, nossa confiança inicial” (Hb 3,14).