250awhitea250a250a
  • INÍCIO
  • DESTAQUES
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO
CONTATO
Para invocar o Santo Espírito no Pentecostes
30/05/2020
O Livro de Ester
03/06/2020

Honra teus velhos – Cardeal Tolentino

HONRA OS TEUS VELHOS

SE OS VELHOS SÃO REDUZIDOS A NÚMEROS, E A NÚMEROS COM ESCASSA RELEVÂNCIA HUMANA E SOCIAL, PODEMOS ATÉ SUPERAR AIROSAMENTE A CRISE SANITÁRIA, MAS SAIREMOS DIMINUÍDOS COMO COMUNIDADE

 

Um facto ao qual não nos deveríamos habituar é este: que na informação sobre as vítimas da pandemia venha associada a sua idade e a indicação de que eram afetados por outras patologias. Não nos damos conta, mas com isso descemos, de forma irreversível, alguns degraus daquele precioso patrimônio comum a que chamamos civilização. Não discuto que a intenção possa ser virtuosa, pois supostamente visa serenar os outros segmentos da população. Mas certas serenidades induzidas têm de ser questionadas, sobretudo se reforçam a vulnerabilidade de quem já tem de suportar tanto. É fundamental que para as nossas sociedades seja claro que há coisas piores do que a infeção com o vírus da covid-19. Se os velhos são reduzidos a números, e a números com escassa relevância humana e social, podemos até superar airosamente a crise sanitária, mas sairemos diminuídos como comunidade. Rodarão as estações. A esta primavera suceder-se-á outra, porventura, mais risonha, distendida e ampla. Mas nunca mais respiraremos da mesma maneira.

É que não se envelhece para morrer. Penso no modo extraordinário e preciso como o livro do Gênesis descreve a caminhada do patriarca Abraão. “Abraão expirou… velho e saciado de dias” (Gen 25:8). Sim, não se envelhece para morrer. Envelhecemos para nos saciarmos de vida e desse modo sentir que, mesmo escassa ou vacilante, a vida é o milagre mais espantoso, mais indescritível e pródigo que nos tocou em sorte. Com razão, James Hilmann escreveu: “Envelhecendo eu revelo o meu carácter, não a minha morte.”

A velhice é um laboratório de vida presente e não só passada, uma escola onde se aprofunda o significado da esperança e do amor. Quando estes sentimentos, despidos já das contaminações do cálculo, distantes do enganador afã dos objetivos que lhe colocámos, revelam finalmente a sua natureza. O que é o amor em si, o que é a esperança sem mais — os velhos sabem-no melhor. E, contudo, resistimos tanto a perguntar-lhes, como se essa transmissão de sabedoria não nos fosse indispensável. Que os velhos se tenham tornado uma abandonada periferia — e os condicionamentos da pandemia podem ainda dramaticamente acentuá-lo — diz muito da crise interior que mina o nosso tempo.
Envelhecemos para nos saciarmos de vida e desse modo sentir que, mesmo escassa ou vacilante, a vida é o milagre mais espantoso, mais indescritível e pródigo que nos tocou em sorte

Há cem anos, no início dos anos 20 do século passado, Max Weber escrevia que, diferentemente das gerações que nos precederam, “os homens já não morrem saciados de vida, mas simplesmente cansados”. O dogmatismo com que hoje encaramos a produtividade, a eficiência e o consumo tornou-nos uma sociedade desligada de dimensões essenciais. Nela, os velhos perderam o seu papel social, pois deixamos de valorizar o depósito de conhecimento e experiência que representam, e passamos a apostar todas as nossas fichas numa ideia de progresso baseada na mudança contínua, sem freios nem memória.

Precisamos de nos reconciliar com a velhice. É um erro grosseiro representar os velhos como um peso: experimentam-no quotidianamente as famílias que sem a colaboração dos avós não saberiam como conjugar as vidas profissionais com a vida familiar; sabem-no as crianças e os jovens que nos mais velhos encontram disponível um bem que mais ninguém lhes oferece com aquela gratuidade: tempo; constatam-no todos os espaços de convivência humana que dos velhos recebem testemunhos de sabedoria, afeto e resiliência, pois eles felizmente têm olhos para aquilo que mais ninguém vê. O antiquíssimo Livro do Levítico recorda-nos este imperativo de futuro:

“Ficarás de pé diante do que tem cabelos brancos; honrarás o rosto de quem é ancião” (Lev 19:32).

Compartilhar

Quem acessou este conteúdo também leu:

17/01/2021

Tolentino – “Jesus, é bom saber que esperas por todos”


Leia mais
14/01/2021

São Félix de Nola – 14 de janeiro


Leia mais
12/01/2021

Manuel, o menino que falava com Jesus


Leia mais

Nossa missão neste site:

Caminhando com Ele, com Cristo, é uma Revista de Espiritualidade, fruto da insistência amiga, quando deixei de ser o encarregado do “site”de Itaici, Vila Kostka, em dezembro de 2008.
Sou o Padre Jesuíta Raul Pache de Paiva, SJ, conhecido simplesmente como “Pe. Paiva”.
Nasci no Rio de Janeiro e tenho andado por muitos lugares e países. Talvez os mais distantes foram Austrália e Nova Zelândia.
No Brasil, conheci bem os sertões de Minas e Bahia, Marajó da floresta inundada e tenho ido a quase todos os Estados. Trabalhei em educação, também universitária, e dou cursos e retiros (em particular, conforme Santo Inácio de Loyola e seus “Exercícios Espirituais”).
  • INÍCIO
  • DESTAQUES
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
    • COISAS DA BÍBLIA
    • COISAS DO POVO DE DEUS
    • PROSA E VERSO
    • MARIA QUEM É
    • NO SILÊNCIO DA TENDA
    • SANTOS
  • RECEITAS
  • CONTATO

FALE CONOSCO

Seu nome (obrigatório)

Seu e-mail (obrigatório)

Seu telefone (obrigatório)

Assunto

Sua mensagem

Mais recentes no site

  • Tolentino – “Jesus, é bom saber que esperas por todos”
    17/01/2021
  • São Félix de Nola – 14 de janeiro
    14/01/2021
  • Manuel, o menino que falava com Jesus
    12/01/2021
  • Cardeal Pell declarado inocente e libertado
    11/01/2021
  • A primeira e a segunda ondas da pandemia do corona vírus – Cardeal Tolentino
    09/01/2021
  • INÍCIO
  • DESTAQUES
  • CONTEÚDOS CATÓLICOS
  • RECEITAS
  • CONTATO