– Ofício das Leituras do Sábado da 8ª Semana do Tempo Comum
Tanto quanto podemos entender, Jó prenunciava a figura de Cristo, o que é mostrado por uma comparação: Jó é chamado de justo por Deus. E Cristo é a justiça, fonte de onde bebem todos os bem aventurados, como está escrito: “O sol da justiça se levantará para vós”. Já é chamado de homem veraz. Cristo é a própria verdade: “Eu sou a verdade”.
Jó foi rico. E quem é mais rico do que o Senhor? Dele são todos os servos ricos, dele o mundo inteiro e toda a natureza, como testemunha o Salmo: “Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém”.
O demônio tentou Jó por três vezes. De modo semelhante, o mesmo diabo por três vezes esforçou-se por tentar o Senhor. Jó perdeu os bens que possuía. O Senhor, por nosso amor, abandonou os bens celestes e fez-se pobre para nos enriquecer.
O diabo, furioso, matou os filhos de Jó. E o louco povo fariseu assassinou os profetas. Jó ficou coberto de feridas. O Senhor, assumindo a carne de todo o gênero humano, apareceu manchado com a sujeira dos pecadores.
Jó foi instigado pela esposa a pecar. A sinagoga quis obrigar o Senhor a seguir a depravação dos anciãos. Os amigos de Jó o insultaram. E ao Senhor injuriavam os sacerdotes que deviam cultuá-lo.
Jó sentou-se no monturo de lixo coberto de vermes. Também o Senhor sentou-se no verdadeiro monturo, a lama deste mundo, e se demorou rodeado de gente cheia de crimes e paixões, verdadeiros vermes.
Jó recuperou tanto a saúde quanto a riqueza. E o Senhor, ressuscitando, concedeu aos que nele crêem não apenas a saúde, mas a imortalidade, e recuperou o domínio sobre a natureza, como ele mesmo afirmou: “Tudo me foi dado por meu Pai”.
Jó teve outros filhos em lugar dos primeiros. O Senhor também gerou, depois dos filhos dos profetas, os santos apóstolos. Jó, feliz, descansou em paz. E o Senhor permanece bendito eternamente, antes dos séculos, nos séculos e por todos os séculos dos séculos.