Jeremias – 5
3ª e 4ª partes – Jr 21-45
Jeremias abre o seu coração
Nos capítulos de 21 a 25 (3ª parte, encontramos diversos textos, que nos mostram as relações que se complicam entre o profeta e a casa real, sem cessar incomodada pelos oráculos do Senhor, aos quais preferiam não dar ouvidos, sem que Jeremias se deixasse intimidar.
A 4ª parte (cc. 26-45) é, sobretudo autobiográfica. Insistindo com o sucessor de Joaquim, Sedecias, em que não confiasse no socorro do Egito, mas fizesse um acordo com o inimigo do norte, o rei da Babilônia, Jeremias anunciou a destruição da própria casa real, se não fossem escutadas as advertências do Senhor Deus de Israel (ver capítulo 21,1-23,40). Mas, no capítulo 24, há um vislumbre firme de esperança: um resto do povo, figos maduros e deliciosos, escapará da ruína, pois Nabucodonosor e os seus exércitos atuarão como mão firme de Deus (capítulo 25).
No capítulo 26, começam a predominar as confissões do profeta. Ele é um ser humano que sofre, dilacerado entre seu Deus, em quem crê e confia, e seu povo, que também ama, mas se recusa a mudar o rumo que o leva ao desastre, cada vez mais próximo. Ele teve de enfrentar ameaças de morte. Houve discussões. Afinal “Aicam, filho de Safa, se encarregou de Jeremias, para que não o entregassem para ser executado pelo povo” (Jr 26,24). No capítulo 27, lemos um oráculo claramente em favor do rei da Babilônia: “Se uma nação entregar o pescoço (ao jugo) e se submeter ao rei da Babilônia, eu a deixarei em sua terra, para que a cultive e habite” (Jr 27,11). No capítulo 28, os babilônios já tinham tomado Jerusalém e levado cativos e os tesouros do Templo embora. Mas um falso profeta declarava que em dois anos tudo ficaria bem. Jeremias rebateu, com ironia. Mas o falso profeta quebrou um jugo, uma canga, que Jeremias levava ao pescoço, numa profecia corporal. Veio outro oráculo: “Vai dizer a Hananias: tu quebraste um jugo de madeira, mas eu o substituirei por um jugo de ferro” (ver Jr 28,1-17). Os capítulos 29 e 30 são cartas do profeta. No capítulo 31, o Senhor se revela como Aquele que ama com amor eterno: “Eu te reconstruirei, Jerusalém, e tu ficarás reconstruída” (Jr 1,3). Este Amor Misericordioso ultrapassa as consequências de nossas rebeldias.