O Verbo de Deus se fez um conosco no ventre de Maria Santíssima
Solenidade de 1º de janeiro
Leitura orante da carta de Santo Atanásio – 2ª leitura da festa
O próprio Verbo de Deus veio em socorro da descendência de Abraão – como diz o Apóstolo [Paulo]. Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos (Hb 2,16-17).
Meu Deus, a professora se curva sobre a carteira do aluno para ajudá-lo a traçar aquela letra. O médico se abaixa para cuidar do doente acamado. Os pais se sentam no chão para brincar com os filhos pequeninos. Tu Te abaixaste a Te fazeres em tudo semelhante a nós, exceto no pecado (ver Hb 4,15), na malícia, para seres Deus conosco (Mt 1,23), verdadeiramente conosco. Assim nós te podemos dar a mão, contar contigo, confiar em Tua proximidade: “Tudo vês, tudo provês”. Bendito és!
Eis porque Maria está verdadeiramente presente neste mistério: foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós,
Assim temos a graça de receber-Te em comunhão, Teu Corpo dado, Teu Sangue derramado. Este é um dom Teu, não resta dúvida, um dom do Pai e do Espírito, com toda verdade, mas um dom de Maria, Tua Mãe Santíssima e Mãe nossa também. Por isso mesmo, geração após geração, nós a saudamos: “Ave Maria, Santa Mãe de Deus”.
A Sagrada Escritura, recordando este nascimento diz: “E O envolveu em panos” (Lc 2,7); proclama felizes os seios que O amamentaram e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito. O Anjo Gabriel, com prudência e sabedoria, já o anunciara a Maria: não lhe diz simplesmente “Aquele que nascer em ti”, para que não se pensasse que se flava de um corpo extrínseco nela colocado, mas diz “de ti”, para que acreditássemos que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria.
Jesus, verdadeiramente nasceste de Maria, de sua entrega à Vontade de Deus: “Faça-se sem mim segundo Tua Palavra”. Então Tu Te fizeste carne de nossa carne, e vieste a nascer como nosso irmão, capaz de nos amparar na caminhada, de estar conosco, de nos evangelizar. És Filho do Altíssimo e Filho de Maria, a honra e alegria de nossa gente! (ver Lc 1,31.33.43). Glória a ti! Aleluia!
Assim foi que o Verbo, recebendo nossa natureza humana e a oferecendo em sacrifício, assumiu-a em sua totalidade, para nos revestir depois de sua natureza divina, segundo as palavras do Apóstolo [Paulo]: “É preciso que este ser corruptível [o ser humano] se revista de incorruptibilidade. É preciso que este ser mortal se revista de imortalidade” (1Cor 15,53).
Assim Tu, Bom Jesus, Tu Te ligaste a nós para que nós pudéssemos ficar ligados a Ti para toda a eternidade. A morte deixou de ser o ponto final, mas se tornou, para os que creem em Ti, Páscoa, passagem para a nova vida, novos céus e nova terra! Aleluia!
Estas coisas não se passaram de maneira fictícia, como julgam alguns, e que é inadmissível! Nosso Salvador se fez verdadeiro homem, alcançando assim a Salvação do ser humano na sua totalidade. Nossa Salvação não é, absolutamente, algo de fictício, nem limitado só ao corpo, mas realmente é a salvação do ser humano todo, corpo e alma, realizada pelo Verbo de Deus. A natureza que Ele recebeu de Maria, era uma natureza humana, segundo as divinas Escrituras, e o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro. Digo verdadeiro porque era um corpo idêntico ao nosso. Maria, portanto, é nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão.
Tanto Te achegaste a nós, Filho de Maria, que só podemos Te suplicar que vivamos, unidos a Ti, amando-Te sobre todas as coisas! Dá-nos crer em Ti, dá-nos imitar a fé do Coração Imaculado de Tua Mãe, mãe nossa também! Assim seja!