REZAR O AGORA
Ensina-nos, Senhor, a rezar o agora, este tempo que nos é presente, onde estamos efetivamente inscritos, mas do qual nos tornámos tão distraídos, absortos a fazer contas com o passado remoto ou presos àquilo que será talvez o amanhã.
Ensina-nos, Senhor, a rezar o agora, abrindo os olhos para aquilo que nos parece tão óbvio, tão vizinho a nós que damos imediatamente por adquirido e que, afinal, temos dificuldade em reconhecer e habitar plenamente.
Ensina-nos a rezar o agora, do qual mesmo se de forma disfarçada fugimos. Este agora que vivemos ainda com a sua indeterminação, a sua rugosidade, o seu inacabamento doloroso e o seu risco. Este agora que nos dá tanto que fazer, que tantas vezes nos deixa confusos e perdidos, mais próximos da exaustão que do êxtase ou do júbilo.
Ensina-nos a rezar o agora, que frequentemente não é grandiloquente, nem é aquilo que nós desejámos, mas é o humilde ponto de partida que temos de aprender a abraçar.
Ensina-nos a celebrar-Te, Senhor, como o Deus do nosso agora, e a não fixar Te apenas naquilo que esteve antes ou que virá depois. Que te contemplemos no hoje da nossa história, assim como se apresenta. Que acreditemos que Tu não deixas de manifestar-Te, de nos seguir, de estar aqui, de nos estender a Tua mão agora.
Ensina-nos, Senhor, a acolher e a amar cada momento do nosso presente como oportunidade de nos confiarmos a Ti.
Cardeal Tolentino
22.02.2022