São Justino – 1º de junho
Atas do seu martírio e companheiros
Justino foi um filósofo, nascido nos começos do século 2º depois de Cristo, portanto uns 70 anos depois da morte de Cristo, em Flávia Neápolis (Nablus) na região da Samaria, de família pagã. Convertido à fé cristã, este filho da Palestina, escreveu diversas obras em defesa do cristianismo, mas se conservaram apenas 2 “Apologias” e o “Diálogo com Trifão”. Tinha aberto uma escola de filosofia em Roma, a capital do Império, onde mantinha debates públicos. Esta atitude desassombrada o levou a ser condenado à morte, juntamente com outros cristãos, no tempo de Marco Aurélio, o Imperador filósofo, cerca do ano de 165 d.C.
Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico. No Tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obediência aos imperadores”.
Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos só pelo fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.
Rústico indagou: “Que doutrinas professas”? E Justino respondeu: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.
O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável”? E Justino: “Sim! Pois a sigo como verdade absoluta”. O prefeito perguntou: “Que verdade é esta”?
Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem temos como único Criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis. Adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram viria para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir Sua infinita Divindade, mas reconheço o valor das profecias, que, previamente, anunciaram Aquele que afirmei ser Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram Sua Vinda entre nós”.
Rústico perguntou: “Então, tu és cristão”? Justino afirmou: “Sim, sou cristão”. O prefeito disse a Justino: “Ouve, tu que és tido como sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina, se fores flagelado e decapitado, estás convencido que subirás ao céu”? Disse Justino: “Espero entrar naquela morada se tiver de sofrer o que dizes, pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.
O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”? Justino replicou: “Não suponho, tenho a maior certeza”. O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos ao que importa, a questão da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos todos os acusados e sacrificai aos deuses”. Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”.
O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.
O mesmo também disseram os demais mártires: “Faze o que quiseres. Nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.
O prefeito Rústico pronunciou, então, a sentença: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer a ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”.
Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio, proclamando a fé no Salvador.