O PAI NOSSO*
361 Como a Igreja considera o Pai nosso?
Jesus deu essa oração aos discípulos que lhe pediam para que os ensinasse a rezar (Lc 11,1). Por isso ela é o modelo de toda oração cristã e o resumo de todo o Evangelho, de todas as Escrituras. As Escrituras nos preparam para Cristo e nos falam de Cristo (ver Lc 24,44), e Cristo, o Único do Pai, se manifesta todo inteiro a nós nesta oração (ver Lc 11,2-4; Mt 6,9-13).
O Pai nosso é chamado de oração dominical porque é a oração do Senhor (Dominus em latim), rezada solenemente pelo Povo de Deus reunido para a Eucaristia no Dia do Senhor (Dominica dies, isto é, dia do Dominus, do Senhor, o domingo).
362 Como a oração do Senhor nos ensina a rezar em qualquer situação?
A oração do Senhor educa nossos desejos e orienta nossos pedidos. Ela impede que ponhamos nossa confiança em nossas obras e merecimentos, como o fariseu da parábola (ver Lc 18,9-14), e dirige toda nossa esperança para o Pai do céu: “Põe alguns sua confiança nos carros, outros a colocam em seus cavalos; nós, porém, pomos nossa confiança no Senhor; ela está em nosso Deus e em seu nome” (Sl 20/21,8).
Como dizia o profeta: “Maldito o homem que confia no homem e faz da carne o seu apoio, cujo coração se afasta de Javé … Bendito quem espera em Javé e em Javé põe a sua confiança”! (ver Jr 17,5-7). Por isso, rezando como Jesus nos ensinou, rezamos como filhos, pondo nossa confiança no Pai: Porque Deus disse: “Não te deixarei, nem te abandonarei”. Assim é que ousamos dizer com confiança: “O Senhor é meu auxílio, nada temerei. Que mal me poderá alguém fazer?” (ver Hb 13,5-6).
É por causa desta confiança filial no Pai, que logo acrescentamos: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6,10).
363 Por que chamamos a Deus de “Pai”?
Porque Cristo, o Filho, nos assumiu e nos fez um com Ele: “Eu sou a videira, vós sois os ramos” (Jo 15,5). Assim, diz o Apóstolo: “Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus … todos vós sois realmente um só em Cristo Jesus” (ver Gl 3,26-28). Na verdade, “recebemos o Espírito de filhos, que nos faz clamar “Abbá! Papai!” (Rm 8,15).
*Versões do Pai Nosso no pátio da Igreja do Pai Nosso em Jerusalém
364 Por que chamamos ao Pai de “nosso”?
Porque não podemos rezar com o coração de filhos, se não temos o coração de irmãos, e está escrito: “Se alguém diz que ama a Deus e detesta o seu irmão, está mentindo. Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não é possível que ame a Deus a quem não vê. Este é o mandamento que recebemos dele: quem ama a Deus, ame também o seu irmão” (1Jo 4,20-21).
Assim, quando pedimos “santificado seja o vosso nome”, na verdade estamos pedindo que nós, que somos os seus filhos no Filho, Jesus, e levamos o nome de Cristo, “cristãos”, “vivamos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). Deus nos deu a conhecer que é nosso Pai.
Quem se porta com orgulho e desobedece ao Senhor, desonra a Deus … e por sua causa “o nome de Deus é insultado entre os que não crêem” (ver Rm 2,20-24). O que nosso Pai quer foi bem explicado pelo Filho e é tudo o contrário das atitudes auto-suficientes e vaidosas: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo vossas boas obras glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16).
Na Última Ceia, Jesus rezou nesta intenção: Pai Santo: Ppor eles a mim mesmo me santifico, para que eles sejam santificados na verdade” (Jo 17,19). E Paulo ensina que, nas águas do Batismo, “somos lavados, santificados, justificados em nome do Senhor Jesus Cristo pelo Espírito de nosso Deus” (1Cor 6,11). Sejamos santos, pois nosso Pai é santo: “Sede santos porque Eu sou santo” (ver Lv 11,44; 19,2; 20,7; 20,26; 1Pd 1,16).