Leitura Orante
Das cartas de São Máximo, o Confessor
A misericórdia do Senhor para os que se convertem
2a Leitura do ofício da 3a feira da 4a semana do Tempo Comum
Os pregadores da verdade e os ministros da graça divina, todos os que desde o princípio até nossos dias, cada qual a seu tempo, expuseram a vontade salvífica de Deus, dizem que nada Lhe é tão agradável, conforme Seu Amor, como a conversão de todos a Ele com sincero arrependimento.
Mas não posso fazer-me de mal em bom, de conduzido por desejos tenebrosos a desejos santificadores. Só Tua Vontade salvífica pode operar o milagre da minha conversão, como operaste a conversão de Saulo na estrada de Damasco, fazendo do perseguidor assassino um apóstolo sincero (ver At 9,1-19)! Só Tu és Deus! Só Tu és Bom!
E, para dar a maior prova da bondade divina, o Verbo de Deus Pai – ou melhor, o primeiro e único sinal de Sua bondade infinita – num ato de humilhação que nenhuma palavra pode explicar, num ato de condescendência para com a humanidade, dignou-se habitar no meio de nós, fazendo-se verdadeiro homem.
O Filho do Altíssimo se fez Filho de Maria. Pôde falar de Si mesmo, Filho de Deus, como Filho do Homem, verdadeiramente nosso Irmão. Como diz o hino que lemos no capítulo 2 da Carta aos Filipenses, sendo de condição divina não hesitou em assumir a condição humana, a condição de escravo e dar a Sua vida em sacrifício por nós. Que faremos então, senão ser gratos e Lhe pedir que mude nossos corações de pedra em corações de carne, como nos disse o Profeta Ezequiel (Ez 36,26)! Ou, como disse o Profeta Jeremias: “Converte-nos, Senhor, se seremos convertidos” (Jr 31,18; Lm 5,21).
E Ele realizou, padeceu e ensinou tudo quanto era necessário para que nós, Seus inimigos e adversários, fôssemos reconciliados com Deus Pai (Rm 5,10) e chamados de novo à felicidade eterna que havíamos perdido.
Meu Deus, Pai Santo, de verdade Tu nos amaste quando éramos pecadores (ver Rm 5,8)! Tomemos o cálice da salvação e Te demos graças (Sl 116,13)! Quem como Tu? Não há outro Deus além de Ti!
O Verbo de Deus não curou apenas nossas enfermidades com o poder dos milagres, mas tomou sobre si nossas fraquezas, pagou nossa dívida mediante o suplício da Cruz (ver Cl 2,12-14), libertando-nos dos nossos gravíssimos pecados, como se Ele fosse o culpado, quando, na verdade, era inocente de qualquer culpa. Além disso, com muitas palavras e exemplos, exortou-nos a imitá-l’O na bondade, na compreensão, na perfeita caridade fraterna.
Rasgaste, Senhor, na Cruz, o documento de nossa dívida! Abriste o caminho para andarmos livres a Teu encontro. Jesus, manso e humilde de Coração, faze nosso coração semelhante ao Teu!
Por isso dizia o Senhor: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão” (Lc 5,32). E também: “Os que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes” (Mt 9,12). Disse ainda que viera buscar a ovelha desgarrada, e que fora enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel. Do mesmo modo, pela parábola da dracma perdida, deu a entender, veladamente, que viera restaurar no ser humano a imagem divina que estava corrompida pelos mais repugnantes pecados. E afirmou: “Em verdade eu vos digo, haverá mais alegria no céu por um só pecador que se converta” (ver Lc 15,7).
Brilha, Senhor, e rompe nossa cegueira! Grita, meu Deus, e rompe nossa surdez! Vem logo, Senhor Jesus! Amém! Aleluia!