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Na subida do Calvário, a coragem da Mãe
Nada indica que Maria, a Mãe, tenha acompanhado o Filho amado diante dos seus falsos juízes, “podres poderes”, como cantou um poeta brasileiro (Caetano Velloso). Mas desde muito o povo fiel a enxerga na subida do Calvário, na “Via Dolorosa”, pois sabe que ela estava de pé, junto à Cruz. Logo que soube da condenação de Jesus, seguiu com fieis discípulas amigas e São João Evangelista para a Rua dos Queijeiros, que viria a ser chamada, a partir daquele dia sofrido, “Via Dolorosa”, e ela seria a Senhora das Dores. Era a Mãe valorosa de um condenado. Sofria como ninguém, como nenhuma outra mãe de condenado, porque sabia que seus filhos estavam levando para matar seu Filho, seu Único, o Primogênito de muitos irmãos (Rm 8,29). E ela bem sabia a imensidade de ternura, o infinito amor com que Ele a escolhera, bendita entre todas as mulheres, e se fizera seu Filho. Nunca houve nem haverá uma mulher na terra que tenha um relacionamento tão íntimo, tão amoroso, tão dedicado e sólido, como ela, a Imaculada, a Mãe sempre Virgem e Jesus. Porque sabia quem Ele era, como Ele deixara a condição divina para assumir a condição humana, num povo escravizado (ver Fl 2,5-11). Ela era a única a saber quem carregava o braço horizontal da cruz, cujo poste vertical estava no morrinho chamado “Calvário”, bem à vista dos que iam e vinham pela movimentada porta de Jerusalém. Os romanos costumavam fazer das crucifixões um espetáculo, como os estados modernos faziam dos enforcamentos. O motivo era espantar, amedrontar, mostra o poder dos governantes.
Maria, a Virgem Corajosa, viu seu Filho tão amado passar sem lhe poder dar nenhum alívio. Se Ele a viu? Coroado de espinhos, face e olhos sangrentos por causa do sangue que escorria da coroa de espinhos, muitas vezes aprofundada pelas batidas da cruz pesada, ferindo repetidamente o ombro, Jesus ia tropeçando sem ver quase nada, talvez mesmo às cegas. Mãe Filho sofriam sem poder se consolar. Mas o Espírito Santo, o Espírito dos Mártires, estava nos seus Corações.
Virgem dolorosa
Popular brasileiro
Virgem dolorosa, que aflita chorais, repleta de angústias, bendita sejais!
Bendita sejais, Senhora das Dores! Ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores.
De Simeão as vozes no Templo escutais, cruéis profecias, bendita sejais.
Que dor indizível, quando O encontrais, com a Cruz às costas, bendita sejais!