Santos Inocentes (ano 1)
28 de dezembro
Muitos inocentes têm sido massacrados ao longo da história, vítimas de violências, tiranias, ódios… Lembremos da morte de Anne Frank, vítima do nazismo… Uma entre tantas e tantas, incontáveis…
Cada ano, no dia 28 de dezembro, logo após o Santo Natal, a Igreja celebra os Santos Inocentes, massacrados em Belém e arredores, por ordem do rei Herodes, vítimas do temor que o tirano sentia do que tinham anunciado os Profetas e a quem os Magos procuravam: o Rei de Israel. Por causa de Cristo Rei eles foram arrancados dos braços de seus Pais e assassinados pelos soldados de Herodes. De Belém se ergueu um grande choro e lamentação. Como dói a morte de inocentes, ainda mais por ódio cego e obsessão pelo poder!
É São Mateus quem por primeiro nos conservou esta memória, conservada no coração da Igreja, que imita o Coração de Maria: “E Maria conservava todas estas coisas no seu Coração” (Lc 2,51). Na fuga para o Egito, ele e São José se lembravam da morte das crianças e da dor dos pais. E rezavam. Nós fazemos como eles, neta terra de exílio, “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”, pois crianças inocentes, muitas vezes no seio das mães, continuam a ser vítimas de chacinas. Estamos num mundo onde tanta gente reclama o direito ao aborto e tantas legislações o admitem.
Os magos de longe (da Pérsia?) viram uma misteriosa estrela. Seguiram no seu rumo, pois profecias falavam da “Estrela de Judá”, profecias como do mago Balaão, um pagão como eles mesmos:
“Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de olhos perfeitos, oráculo daquele que escuta as palavras de Deus e contempla visões do Todopoderoso, (…) Eu O vejo, mas não será logo, eu O contemplo, mas não será agora. Avança a estrela de Jacó e sobe o cetro de Israel!” (ver Nm 24).
Jesus é esta Estrela que surgia em Israel, e os sábios da corte de Herodes disseram logo aos magos que, segundo o Profeta Miquéias, o lugar do seu nascimento seria Belém de Judá (ver Mt 2,1-7).
Herodes, falsamente, falou aos Magos que voltassem e lhe dissessem o Menino, pois ele também queria adorá-lo. Como os Magos, inspiradamente, retornaram a suas terras sem passar de novo em Jerusalém, o rei determinou a morte das crianças de até dois anos em Belém e arredores.
Mateus, narrando o acontecimento, recordou-se da profecia de Jeremias (Jr 31,15; Mt 2,1-18):
“Ouviu-se um clamor em Ramá! Houve choro e grandes lamentos! Raquel chora seus filhos e não aceita consolo, pois eles já não existem”.
Raquel foi Mãe de José e Benjamim, segunda esposa de Jacó, e simbolizava o povo hebreu.
Herodes fracassou, como fracassou seu empenho em firmar seu trono e estabelecer uma dinastia. Assim fracassam todos os tiranos e prepotentes. São José foi avisado nos sonhos, pois era o Justo que sonhava com a vontade de Deus, e, obediente, fugiu para o Egito, levando Maria Santíssima e o precioso Menino Deus. Por isso mesmo, cada foragido e migrante pode saber que está acompanhado peço Sagrada Família, solidário com ela e pode rezar a Nossa Senhora do Desterro e a São José, Guia da Sagrada Família, nosso bom Protetor.
“Imaculada, Maria de Deus,
Coração pobre acolhendo Jesus…”