23
O dia do trabalhador, Jesus
Depende! Se fosse sábado, “conforme Seu costume”, Jesus ia à sinagoga. Em criança, no colo de Sua Mãe. Maiorzinho, sem dúvida depois dos 13 anos, ficava com José, nos lugares da frente, reservados aos homens. Sábado era o dia do repouso quase absoluto. Não se podia fazer nenhum trabalho e as caminhadas eram reduzidas ao mínimo. Tudo parava em Israel de Deus.
Desde menino, Jesus ajudava no que podia. Por exemplo, dava e tomava recados para seu Pai: “Papai foi fazer um serviço no sítio do seu Ezequias. Quer deixar recado”? Ia ver como estavam as poucas ovelhas e cabras da família no fundo do pasto, lugar da comunidade, dos que não tinham terra própria, tirar o leite, avidas de algum parto próximo. Logo que pôde, Jose o tomou como aprendiz. Então passava mais horas no telheiro que servia de oficina. Rapidamente começou a fazer alguns serviços e logo ficou bem hábil.
José era chamado para serviços nos arredores, mas os fregueses podiam ter certeza que Jesus estaria lá, sorriso franco, mãos hábeis, trabalho honesto, atendendo a tudo e a todos.
Maria, a Mãe, podia contar com sua ajuda nos poucos canteiros de ervas medicinais e de hortaliças, ou nas flores que enfeitavam a entrada da modesta casa de Nazaré. Assim lhe sobrava mais tempo para tecelagem e costura. O dinheiro poupado e o dinheiro ganho, ajudavam na grande despesa anual: a peregrinação pela Páscoa à Cidade Santa, a Jerusalém.
Morando bem perto de Ana e Joaquim, Jesus ia crescendo com o hábito de passar pela casa delas e dar alguma ajuda: “Mãe, vou ver se os Avós precisam de alguma coisa”. Ele bem que tinha olhos para ver como a Mãe se desdobrava, à medida que Ana ia perdendo as forças, para buscar água na fonte não só para a casa deles, como para a casa da Vó Ana.
E o serviço de José? Ele não era como os carpinteiros e marceneiros de nossos dias. Ele tinha de pegar o serviço que aparecesse, pois os sitiantes tinham filhos que quebravam todos os galhos, mão de obra barata e sempre disponível. As pessoas tinham poucos móveis. Usavam mais tapetes e almofadas. Um dos trabalhos necessários regularmente era de forrar de novo o chão com pedrinhas do lago, altear os batentes e paredes, refazer as lajes, construídas com juncos, estrume, areia e pedras, onde se podia, no tempo quente, repousar de tarde, tomando uma brisa, enquanto não caía a noite. Assim vivia a Sagrada Família como muitas outras famílias das aldeias da Galileia.