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Momentos especiais: festas em Jerusalém
Todos os anos, a Sagrada Família costumava ir a celebrar a Páscoa em Jerusalém. A Semana dos Pães Ázimos, sem fermento, era o tempo em que ficavam com os vizinhos e familiares acampados ou acomodados em casas de parentes. Mas a viagem, com as paradas para passar as noites, para preparar o alimento, não era rápida. Podemos imaginar que era uma semana para ir e uma para regressar. Não era de obrigação passarem as festividades da Páscoa em Jerusalém. Cada família podia fazê-lo em sua própria casa. Maria e José tinham esta devoção, e Jesus foi aprendendo com eles.
Eram três semanas sem que José ganhasse nada. Durante o ano, iam juntando um dinheirinho aqui, outro ali, sobretudo com ajuda dos tecidos de Maria, muito caprichados e bem aceitos, dos queijos que fazia com as obras do leite das poucas ovelhas e cabras do fundo de pasto… Davam graças a Deus por não lhes faltar saúde e disposição para o trabalho.
São José agradecia particularmente pela indústria e zelo da Esposa, dom de Deus, Mãe de Deus-conosco, “o Emanuel”, Jesus. Lembrava o elogio à mulher cheia de vigor, inteligência e iniciativa do Livro dos Provérbios (cap. 31): “Palavras de Lemuel, Rei de Massá”. São o elogio da “mulher perfeita”, em quem confia o coração do marido: “Não lhe faltarão proventos”.
“Ela faz a sua felicidade e não sua ruína, todos os dias de sua vida”. Porque ela fabrica, comercia, prevê que nada falte a ninguém na casa, nem aos empregados e empregadas. Compra e vende terrenos. “Não tem medo da neve em sua casa, porque todos têm veste dupla!”. Maria, muito bem educada por Ana, também cuidava para que José e Jesus tivessem bons agasalhos de inverno. Quem sabe, possivelmente o manto que os soldados não quiseram despedaçar, mas preferiram sortear, pois era feito numa só peça no tear, o manto de Jesus no Calvário, não seria obra da Mãe cuidadosa e carinhosa?
Maria foi boa educadora, como a mulher perfeita do velho Rei Lemuel, que nem sequer era hebreu, mas pagão. Dela ficou escrito: “Estend a mão ao pobre, e seus braços ao indigente (…) Com sabedoria abre seus lábios, lições de bondade profere sua língua”.
Enfim, Maria de Nazaré, como a mulher dos Provérbios, “fortalecia seus braços para o trabalho”. Elegante, pelos trajetos diários para trazer água bastante para a casa, com o pote na cabeça, mãos enérgicas, treinadas por amassar o pão, cortar lenha, plantar e colher, Maria, Mãe Rainha, era em tudo uma trabalhadora das roças da Galileia!
E Jesus logo começou a ajudar, cuidando dos animaizinhos do fundo de pasto, dando uma varrida na pequena casa, pondo as cobertas e os colchões de palha no sol, regando os canteiros. Mais crescido, foi aprendendo o ofício de José, no começo com pequenos serviços, recados, encher a bilha de água fresca para o Pai trabalhador. Depois usando a plaina, o serrote… Era menino vigoroso e ágil! Deste período nos diz São Lucas que ele crescia “em idade, sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52).