Conhecendo Fernando que virou Antônio *
Pouca gente deve saber que nosso muito querido Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua, se chamava “Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo, filho de família de algumas posses, nascido em Lisboa em 1190, próximo à Catedral, que tinha uma escola, onde ele aprendeu as primeiras letras. Mas ele sentiu o chamado do Bom Jesus bem cedo, e obteve ingresso no Convento dos Cônegos Agostinianos, junto à grande Igreja de São Vicente de Fora (fora dos muros de Lisboa). Tinha 17 anos. Foi transferido ao mais famoso convento de sua Ordem em Portugal: Santa Cruz de Coimbra. Foi se tornando um estudioso e muito preparado na filosofia e teologia., sem nunca deixar de ser um orante apaixonado.
Ali conheceu uns franciscanos, que iam missionar no Marrocos, terra dos maometanos. Depois, eles voltaram como relíquias, pois foram martirizados.
Em 1220, Fernando tinha cerca de 30 anos, idade com que Jesus deixou Nazaré e começou Sua vida pública (ver Lc 3,23), quando pediu para se transferir para a Ordem franciscana, o que lhe foi concedido. Foi então que ele adotou ou lhe deram o nome de “Antônio”, homenagem a Santo Antônio ou Antão do Deserto, célebre eremita egípcio. Pediu para ser enviado ao Marrocos, com desejo de aí morrer mártir. Mas Deus nosso Senhor tinha outros planos para ele. Será Santo, mas não como os mártires.
Tempestades atiram o navio para as costas da Sicília, Itália. Neste país, conheceu São Francisco. Em resumo: visto que o Papa tinha imposto que os franciscanos só pregassem se tivessem bons estudos, ele veio a ser nomeado, por um breve bilhete, pelo próprio São Francisco, como o primeiro professor dos jovens franciscanos.
A esta altura tinha pregado em muitos lugares, com belos resultados, e fora ordenado Padre em Forli, no ano de 1221. Nas suas pregações, mostra um admirável conhecimento das Sagradas Escrituras e uma capacidade carismática de tocar fundo os corações de seus cada vez mais numerosos ouvintes. Também reconheciam nele um conhecimento íntimo dos Santos Padres da Igreja, seus primeiros luminares: São Justino, São Cirilo de Alexandria…
Contam que, em Rimini, porto do Mar Adriático, na falta de ouvintes, pregou aos peixes. Desde cedo, se narravam prodígios a seu respeito. Como, na sua caridade, promovia dotes para casar moças pobres, ele virou “casamenteiro”, e o é até hoje. Sempre atento às necessidades dos desvalidos, nunca o povo católico deixou de acudir a ele em suas necessidades miúdas, pois por tudo ele se interessa e de todos cuida. E pelo carinho com que tratava dos desvalidos, “o pão de Santo Antônio” continua a ser uma devoção firme entre o povo. Junto com Santa Luzia, a ele também não se usa rezar novenas, mas os dois ganham trezenas!
Glorioso Santo Antônio, rogai por nós!
*Ilustração: interior da Igreja do Convento de Santo Antônio, Largo da Carioca, Rio de Janeiro, Brasil